sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Dilma pediu apoio a Eduardo Campos para tentar reeleição, afirma Estadão

A presidente Dilma Rousseff, em conversa com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), disse nesta quinta-feira, 18, que concorrerá à reeleição em 2014 e pediu apoio ao aliado socialista. As informações são segundo fontes do partido.

A conversa entre Dilma e Campos foi franca, e a presidente disse ao governador que compreende os movimentos do partido aliado, o crescimento eleitoral da legenda, mas que isso não interfere na relação com o governo, segundo relato de um dos socialistas ouvidos pela Reuters, que pediu anonimato.

Depois de fazer esse preâmbulo, Dilma disse ao aliado que concorrerá à reeleição e gostaria de continuar contando com o apoio do PSB, presidido por Campos. Essa disposição de Dilma foi confirmada à Reuters por outro socialista, que também pediu para não ter seu nome revelado e conversou com Campos depois do encontro com a presidente.

Desde que chegou à Presidência, Dilma nunca assumiu publicamente que concorreria à reeleição, mas ao dizer que será candidata a um aliado que pode ser seu adversário mostra que começou a montar a estratégia para a reeleição. Dentro do PT, no entanto, sempre se manteve a possibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentar retornar ao posto em 2014.

Ex-chefe de gabinete de Lula entre 2003 e 2010, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, já chegou a afirmar que o ex-presidente estava no "banco de reservas" e poderia ser convocado.

Depois de ouvir de Dilma sobre seus planos, Campos lembrou a longa parceira do PSB com o PT e disse que é legítimo o anseio de seu partido, diante do crescimento eleitoral, de vislumbrar a possibilidade de um projeto próprio de poder, segundo as fontes.

"Mas ele foi sincero e disse à presidente que o partido continuará sendo fiel à aliança, ajudará o governo a enfrentar as dificuldades, mas que sobre 2014 só deveriam tratar em 2014", disse uma das fontes ouvidas pela Reuters.

Na saída do encontro no Planalto, Campos usou o mesmo discurso de deixar 2014 para 2014 ao ser questionado por jornalistas, esquivando-se de falar sobre qualquer compromisso com uma aliança para a reeleição.

O nome de Campos para a disputa presidencial ganhou força após as eleições municipais em 2012, quando o PSB elegeu mais de 440 prefeitos e chegou ao comando de cinco capitais. Desde então, Dilma já se reuniu pelo menos quatro vezes com o governador pernambucano.

A conversa da segunda-feira foi marcada pela presidente, ainda durante suas férias na Bahia, período em que os dois também se encontraram.

Preferência do PMDB - Antes do desempenho acima do esperado nas eleições municipais, os socialistas articulavam para que Campos conseguisse ocupar o lugar de vice na chapa de Dilma em 2014, tirando o posto do PMDB. Essa articulação perdeu força depois do desempenho do PSB nas eleições municipais e do fortalecimento da aliança entre PT e PMDB no período eleitoral.

Dentro da atual aliança, o PMDB segue como parceiro preferencial, limitando um aumento de espaço do PSB no governo petista. A presidente vem mantendo reuniões mais regulares com o vice-presidente Michel Temer e com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), um movimento que também pode indicar a articulação de Dilma para 2014.

Horas antes do encontro com Campos, por exemplo, Dilma se reuniu com os dois peemedebistas. Temer teria inclusive incentivado a presidente a se manter próxima de Campos, segundo um integrante do PMDB que pediu anonimato.

Esse mesmo peemedebista disse, depois da conversa entre Dilma e Campos, que ela ainda não manifestou claramente a decisão de concorrer à reeleição a Temer, mas que desde o ano passado, depois das eleições municipais, tem manifestado o desejo de que em 2013 o governo comece a apresentar resultados e preencher sua vitrine com vistas a 2014.  Nessas conversas, segundo esse peemedebista, Dilma não verbalizou, no entanto, que seria candidata.

A perspectiva de ter Campos como adversário na disputa pela Presidência em 2014 já faz com que petistas pensassem em um acordo em que o PT abriria mão de encabeçar a chapa em 2018, privilegiando Campos.

"Acho que vamos ter que fazer uma negociação forte com o PSB sobre as perspectivas de se manter dentro da (atual) aliança", disse um membro da cúpula do PT no ano passado, sob condição de anonimato.

Essa negociação, segundo a fonte, envolveria o apoio do PT a Campos para a Presidência em 2018, quando a presidente Dilma Rousseff completaria seu segundo mandato, se reeleita em 2014.

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