sexta-feira, 6 de setembro de 2013

TELEVISÃO - De Jorge Tadeu a Suellen, conheça os ícones do Dia do Sexo na TV brasileira

Wladmir PaulinoDo NE10


As feministas podem torcer o nariz. As mocinhas vão suspirar e os marmanjos vão invejar e babar. E muitos vão relembrar com um sorriso no rosto os grandes garanhões da televisão brasileira. Claro que, como toda lista, é controversa. Alguns vão achar que o personagem tal nem tinha tanto potencial assim ou fulaninho da novela X tinha um apetite carnal maior do que beltrano. A relação abaixo é apenas uma mostra de como a teledramaturgia brasileira homenageia um dia como o 6/9, considerado a data do Sexo. E, para que ninguém reclame de tratamento diferenciado, as mulheres também ganharam seu espaço. Em menor número, é certo, mas já é uma mostra de que a liberdade para 'passar o rodo' tem que ser exercida por machos e fêmeas. A seguir, um pequeno resumo dos escolhidos e, obviamente, seus feitos na alcova.
 OS HOMENS
Jorge Tadeu (Pedra sobre Pedra)
 
Embora a lista não dê status de colocação, o enigmático fotógrafo chegado à fictícia Resplendor merece ser lembrado em primeiro lugar por um simples motivo: nem mesmo depois de morto ele abriu mão do que mais gostava, levar as mulheres da cidade para a cama, fossem comprometidas ou não. Tadeu, interpretado por Fábio Júnior, não deixou passar sequer a delegada Francisquinha (Arlete Salles). Ele foi assassinado no 30º capítulo para comoção geral da mulherada. Porém uma árvore que ele costumava regar com a própria urina gerava flores que, quando comidas, faziam o serelepe espírito voltar em carne - principalmente - e osso. Além da guardiã da lei, Jorge Tadeu também fazia a alegria de Ximena (Nívea Maria), Rosemary (Elizângela), Suzana (Isadora Ribeiro) e até Hilda Pontes (Eva Wilma), a esposa do poderoso Murilo Pontes (Lima Duarte), uma espécie de coronel de Resplendor. A briga entre os Pontes e os Batista pelo poder local era o fio condutor da trama, exibida originalmente em 1992.

Esteban (Kubanacan) e Lance (Pé na Jaca)
A primeira década dos anos 2000 alçou o ator Marcos Pasquim ao posto de símbolo sexual. E ele tem que agradecer ao autor Carlos Lombardi, que o presenteou com personagens nus da cintura para cima, sempre metidos em confusões e um séquito feminino ao seu dispor. Em Kubanacan (2003), o personagem Esteban literalmente caiu do céu da Ilha de Kubanacan. Sem lembrar de nada, ele passou a viver no país e suas três personalidades alternavam seu comportamento. O ambiente litorâneo e a narrativa ágil contribuíram definitivamente para o sucesso da novela. O site Contraponto calculou os feitos de Esteban com as mulheres: foram cerca de 900 beijos em 30 parceiras diferentes.
Pouco mais de três anos depois, Pasquim voltaria às telas dos brasileiros - e camas das mulheres - na pele de Lancelotti, em Pé na Jaca, reeditando a parceria com Lombardi. Lance, também conhecido por Tico, abandonou a mulher e o filho pequeno por conta de seu problema com bebida e caiu na vida. Virou personal trainer que fingia ser gay para enganar os ciumentos maridos/namorados/companheiros de suas alunas. Por conta disso, a lista do garanhão é praticamente impossível de ser contada. Ele não deixou passar nem sua melhor amiga de infância, Guinevere (Juliana Paes), mesmo sendo apaixonado por Maria Bo (Fernanda Lima). A trama central girava em torno de cinco amigos que se conheceram numas férias na cidade de Deus Me Livre. Além do já citado trio, Arthur (Murilo Benício) e Elizabeth (Deborah Secco) completavam o núcelo principal, inspirado na lenda do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda. Lance não tinha o mesmo carisma de Esteban, mas aumentou a lista e a fama de pegador de seu intérprete.

Osnar (Tieta)
Embora a trama central girasse em torno da vingança de Tieta (Cláudia Ohana/Betty Faria), escorraçada de Santana do Agreste ainda jovem por ter se deitado com um homem, inclusive emulando uma posição que remete à data atribuída ao dia do sexo (chamado na novela de ipsilone duplo), o garanhão da trama atendia pelo nome de Osnar. Quem lhe dava vida era José Mayer, iniciando ali uma extensa galeria de personagens que não deixaria pedra sobre pedra quando o assunto era conjunção carnal. Sem grandes atributos visíveis, o bon vivant do interior tinha fama na cidade pelas medidas íntimas. Resultado: uma coleção de mulheres em sua cama, com destaque para Carol (Luiza Thomé), a teúda e manteúda - leia-se amante - do coronel Modesto Pires (Armando Bógus). Numa das cenas mais hilárias, a solteirona e virgem Carmosina (Arlete Salles) troca a roupa do amigo desmaiado e quase desmaia ao se deparar com alguma coisa. Tieta foi escrita por Aguinaldo Silva, baseada no romance Tieta do Agreste, de Jorge Amado. O tom de malícia permeia o folhetim do primeiro ao último capítulo com referências sempre mais do que menos explícitas ao sexo.

Bruno (Brega e Chique)
Um personagem quase atípico dentro do universo noveleiro de pegadores. Bruno (Cassiano Gabus Mendes) não tinha o tórax avantajado, atos heróicos e tão pouco uma boa lábia. Sua senha para a cópula era um simples: "Tá com sede?" As 'vítimas' eram convidadas a subir ao quarto, onde havia água gelada e o resto não precisa mais ser contado. Bruno ajudava seu tio Baltazar (Dênis Carvalho) na marcenaria e era quase analfabeto, haja vista os "Craro" e "Pobrema" em seu repertório. O bordão do tio era tão simples e direto quanto agressivo: "Sua anta!". Para melhorar o português do rapaz, Baltazar contratou uma professora de português chamada Mercedes (Patrícia Travassos). Apaixonada pelo pupilo, Mercedes, por mais que tentasse, não conseguia degustar a famosa água, até que no fim da novela venceu a resistência e se tornou a única a matar a sede. Numa inversão de papéis, coube a Baltazar seguir o roteiro do sobrinho e passar a fornecer a água milagrosa. A história de Bruno era uma das sub-tramas da novela que reuniu Glória Menezes e Marília Pêra, ambas supostamente viúvas do mesmo homem (Herbert Alvaray/Jorge Dória), que simulara a própria morte para fugir de dívidas. A história foi ao ar em 1987, escrita pelo pai de Cassiano, Cássio Gagus Mendes.

Raí (Quatro por Quatro)
Na verdade, os personagens sexualmente hiperativos encarnados por Marcos Pasquim nos anos 2000 foram apenas uma nova geração do que Carlos Lombardi já fizera na década anterior. O primeiro descamisado atendia pelo nome de Raí, na verdade apelido de Raimundo, um mecânico - que nunca aparecia com as mãos sujas de graxa - encarnado por Marcello Novaes num dos maiores sucessos da faixa das 19h, Quatro por Quatro (1994). Raí vivia às turras com a namorada Babalu (Letícia Spiller), uma manicure com um pavio tão curto quanto os shorts que usava. A senha para o garanhão mexer nas máquinas de que mais gostava era "Tá um calor aqui, né?" e tirava a camiseta. A lista é incontável, já que muitas eram anônimas que passavam por sua oficina para tudo, menos consertar um carro. Ele não perdoou nem Abigail (Betty Lago), mãe de seu amigo Ralado (Marcelo Faria), outro sexualmente esfomeado. Apesar das incontáveis traições, Raí sempre deixou clara sua preferência por Babalu. A ficção virou realidade, já que durante a novela Marcello e Letícia iniciaram um namoro, que virou casamento de seis anos e gerou um filho, Pedro, hoje com 15 anos.

André Gurgel (Insensato Coração)
André Gurgel não tinha corpo de modelo da Calvin Klein, não aparecia sem camisa correndo para lá e para cá se metendo em confusões e era negro. Coube ao baiano Lázaro Ramos dar vida a um Casanova jovem sem os antecedentes dos aprendizes de Don Juan. Seu conquistador era um sofisticado designer bastante requisitado no Rio de Janeiro que não deixava absolutamente NENHUMA mulher passar incólume. Era apenas uma noite e nada mais, sem direito a flores ou telefonemas no dia seguinte. Em meio às estripulias, André seduz Carol (Camila Pitanga), que acaba engravidando. Inicialmente, ele não aceita a nova condição de pai, mas muda de atitude ao ver a corte de Raul (Antônio Fagundes) para a ex-amada e tenta engatar uma vida tradicional. Não se adapta e pula fora, novamente fazendo das conjunções carnais com qualquer exemplar do sexo feminino seu ideal de vida. Uma de suas aventuras de uma noite foi com uma médica, que deu a deixa para ele procurar um especialista. O resultado: câncer nos testículos e o risco de se tornar impotente. O drama teve um final feliz com a cura da doença e a volta à vida libertina.

César (Amor à Vida)
A novela ainda está em exibição, mas o veterano Antônio Fagundes já pode se orgulhar de colocar seu médico César no panteão dos grandes pegadores da televisão brasileira. A bem da verdade, Amor à Vida é uma novela que se encaixaria perfeitamente numa espécie de pornô soft. À exceção do triângulo amoroso Paloma (Paola Olveira)-Bruno (Malvino Salvador)-Ninho (Juliano Cazarré), todos os outros personagens são movidos por um furor hormonal só comparável ao de um adolescente de 15 anos. Mesmo os ambiciosos dividem suas atenções entre a conquista de poder ou dinheiro e a cópula desenfreada, como a secretária Aline (Vanessa Giácomo), o médico Jacques (Júlio Rocha) e a alpinista social Valdirene (Tatá Werneck). Mas o campeão é mesmo o dono do Hospital San Magno. Inicialmente um homem voltado ao trabalho e à família, os podres de César vêm à tona em doses homeopáticas. Já se sabe que ele trai a mulher com a secretária, é pai de Paloma com outra mulher, que também engravidou Edith (Bárbara Paz) e, na verdade, é pai do 'neto'. Nos próximos capítulos, virá a público o fato de que ele também traiu a esposa com a ex-chacrete Márcia do Espírito Santo (Elizabeth Savalla) que, na verdade, é mãe de Félix (Mateus Solano). E olhem que a identidade do pai de Valdirene, também filha de Márcia, ainda não é conhecida...

AS MULHERES
Stela (Passione)
Sabem aquele ditado 'Quem não dá assistência abre a concorrência'? Pois ele foi levado ao fim e ao cabo por Stela Gouveia (Maitê Proença) na novela Passione (2010). Apesar da imagem de mulher elegante de meia idade, a personagem sofria em casa com o desprezo do marido Saulo (Werner Schünemann). Mais interessado em dominar sozinho a empresa da família, Saulo abriu caminho para uma série infindável de adornos em sua testa, com a esposa sempre escolhendo garotões com idade de seu filho mais velho, Danilo (Cauã Reymond). Apesar da insaciabilidade, ela se apaixonou, sim. O escolhido foi o italiano Agnello (Daniel de Oliveira), ex-namorado de sua filha Lorena (Tammy Di Calafiori). Inclusive os dois amantes são flagrados pelo filho mais novo, Sinval (Kayky Brito), em plena consumação do ato. E será a filha que entrará numa espécie de companheirismo corno com o pai e vai entregar as puladas de cerca da genitora. O resultado é óbvio: Saulo arma um flagrante e espanca o urso e a mulher sem dó nem piedade. Mais tarde, Stela seria uma das suspeitas do assassinato do empresário.

Norminha (Caminho das Índias)
Se a já citada Stela era apenas um produto do meio, a história com Norminha (Dira Paes) foi bem diferente em Caminho das Índias (2009). A espevitada dona de casa era uma predadora de carteirinha. Para isso, muito contribuía o temperamento fleumático do guarda de trânsito Abel (Anderson Muller), o marido. O rebolado no andar, o olhar faminto e o cacoete de sempre aparecer enrolando duas mechas de cabelo davam a medida certa do fogo que emanava da dona de casa. Nas noites em que consumava a traição, Norminha usava o mais que batido 'Boa noite Cinderela', ao colocar um sonífero no leite do cônjuge, incentivando-o a virar tudo de uma vez: "Beba, beba, beba, beba, beba, beba!", repetia. Em questão de segundos, Abel desabava no sofá e a esposa ia desabar nos braços dos outros nas casas de samba da Lapa. Até que uma série de mensagens anônimas passaram a alertar o guarda. Com a pulga atrás da orelha e muitos enfeites na testa, ele resolveu tirar a prova e seguir a mulher. Flagrou-a em pleno exercício da trairagem, e o resultado foram suas roupas sendo jogadas janela afora. Depois de muito vai e vem, o marido chegou à conclusão que não conseguia viver sem a sua Norma e os chifres. Aceitou-a de volta com direito a leitinho batizado e todos viveram felizes para sempre. A trilha sonora da banda Calcinha Preta, 'Você não vale nada mas eu gosto de você", aumentava ainda mais o tom hilário das cenas da dupla.

 Suellen (Avenida Brasil)
Nem a megera Carminha nem a vingativa Nina. A personagem de Avenida Brasil (2012) que ilustra a seção é Suellen, encarnada por Ísis Valverde em seu primeiro personagem longe de mocinhas frágeis e choronas. Moradora do suburbano Divino, aparentemente sem pai e sem mãe, a garota, literalmente, passou o rodo em pelo menos metade do bairro. Sem dúvida, um fôlego de fazer inveja a Raís e Estebans da vida. A desinibição da garota chegava ao ponto de entrar no escritório do patrão Diógenes (Otávio Augusto), ficar nua, transar com ele e ainda tirar fotos com o celular para chantageá-lo. A lista também incluiu vários jogadores do Divino Futebol Clube, time que representava a comunidade na segunda divisão do futebol do Rio de Janeiro. Para se ter uma ideia, a moça chegou a anunciar uma gravidez para fisgar algumas de suas vítimas, mas, pressionada para fazer exame de DNA, admitiu a farsa. Chegou a ser sequestrada por um bandido que mantinha uma ascendência sobre ela, porém jamais explicada. Chegou a ir embora do Divino, porém a massa não deixou. Seu desfecho na trama foi nada ortodoxo, mas bem condizente com a liberdade que exerceu com seu corpo: engatou um casamento com Roni (Daniel Rocha) e Leandro (Thiago Martins).

MENÇÃO HONROSA
Perséfone (Amor à Vida)
Tudo bem, é dia do sexo e ela ainda não fez. Mas é justamente por isso que merece esse espaço. A atrapalhada enfermeira do Hospital San Magno segue uma via crúcis para perder o hímen que parece não ter fim. E olhe que disposição e lábia ela tem de sobra. Passa a cantada dos rapazes, começa bem as preliminares, fica no esfrega-esfrega, rala e rola, mas, na hora de a onça beber água, a água não brota da fonte. Já ficou algemada nas grades da cama, viu um pretenso amante desabar de bêbado em seus braços e, numa arrojada tentativa de encarar dois ao mesmo tempo, terminou dopada e tendo a casa assaltada. Para completar, entrou em litígio com a amiga Joana (Bel Kutner), que lhe tirou um pretenso príncipe encantado. Como se não bastasse, ainda tem que conviver com os quase maníacos sexuais Michel (Caio Castro) e Patrícia (Maria Casadevall).

Nenhum comentário: