terça-feira, 15 de abril de 2014

Eduardo Campos tem maior potencial de crescimento


MAURO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
ALESSANDRO JANONI
DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA

Há grande probabilidade de fracasso numa eventual tentativa dos marqueteiros de Dilma Rousseff em persuadir a classe média tradicional das grandes cidades, especialmente as do Sudeste.

Isso porque a maioria dos eleitores escolarizados e de renda acima da média integra o grupo dos "causa perdida" quando o assunto é apoio à reeleição dela.

Mais chances de obter novos adeptos teriam se dirigissem a comunicação aos menos escolarizados e aos que residem em municípios de até 200 mil habitantes, perfil com participação acima da média no estrato de "potencial" para ascensão da petista.

Isso, sem esquecer de manter em seu eleitorado os mais jovens e as mulheres, segmentos que integram de forma expressiva o subconjunto "volúvel" do eleitorado da presidente, simpáticos a Eduardo Campos (PSB), especialmente no caso dos mais jovens, e a Aécio Neves (PSDB) no das mulheres.

Isso porque dentre os 38% de intenções de voto que a presidente apresenta no cenário mais completo, apesar de 31% se mostrarem convictos sobre a escolha, 8% não assumem tanta fidelidade.

Estas são algumas conclusões de estudo elaborado pelo Datafolha, com base em pesquisa realizada em todo o país no início deste mês. O objetivo é mapear o grau de afinidade e adesão dos eleitores brasileiros a cada um dos principais nomes cogitados para a corrida presidencial e monitorá-los.

Editoria de Arte/Folhapress

Por meio de análise combinatória de algumas variáveis, chega-se a quatro grupos distintos, classificados de acordo com a relação que os entrevistados demonstram ter com os candidatos —-os eleitores convictos de cada um, os eleitores volúveis, os potenciais (que ainda não votam no candidato, mas cogitam a possibilidade de fazê-lo) e os "causa perdida", isto é, aqueles que demonstram forte rejeição ao nome correspondente e que dificilmente seriam convencidos a mudar de ideia. O grupo dos eleitores em potencial pode ser dividido em três subconjuntos de acordo com a alta, média ou baixa receptividade dos eleitores à hipótese de escolher determinado nome.

As variáveis utilizadas no cálculo são: o cenário mais completo da intenção de voto para presidente da República, as taxas de rejeição, o grau de certeza do voto e o índice de conhecimento dos candidatos. A inspiração vem de metodologias do micro-marketing utilizadas nas eleições americanas para a identificação de nichos em potencial, motivadores de estratégias e recursos, nos chamados swing-states, Estados sem tendência ideológica definida, que ora elegem democratas, ora republicanos.

Sobre os resultados, de um modo geral, percebe-se que Dilma apresenta as maiores taxas nos extremos, isto é, tanto de apoiadores convictos (31%) quanto de contingente perdido (42%), reflexo provável da percepção que a população mantém sobre sua gestão. Prova disso é o alto índice de potenciais eleitores da petista entre os que acham sua administração regular.

Na oposição, o candidato que mais apresenta potencial de crescimento é Eduardo Campos (63%). O fato de ser pouco conhecido e de ter baixa rejeição entre os que o conhecem favorece o ex-governador de Pernambuco. Mas é importante frisar que a maior parte desse potencial dependerá de muito esforço para se concretizar —dentre os 63%, 38% é de baixo potencial.

Ao se focalizar apenas os estratos de alto e médio potencial, não há grandes contrastes entre os candidatos de oposição —Marina alcança 29% nesse aspecto, Campos 25% e Aécio 24%.

Mas, a partir de agora, mais interessante do que identificar esses grupos, será monitorá-los ao longo do processo eleitoral e acompanhar a eficiência das campanhas no desafio de atingir eleitores em potencial, sem perder volúveis e aumentando os convictos. Quanto menor o segmento de "causa perdida" de cada candidato, mais emocionante será esta eleição

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