terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Municípios de Pernambuco cancelam carnaval

Municípios da RMR cancelam Carnaval
Marcílio Albuquerque
Folha-PE
Com um corte nas despesas de cerca de R$ 3 milhões, quatro municípios da Região Metropolitana anunciaram o cancelamento da programação de Carnaval este ano. As prefeituras de Camaragibe, Moreno, São Lourenço da Mata e Jaboatão dos Guararapes alegam dificuldades financeiras e prometem priorizar investimentos em áreas consideradas essenciais, como saúde e educação.
O aumento na demanda de foliões não deve passar despercebido nos polos centrais de animação, como o Recife e Olinda, gerando a necessidade de reforços para as estruturas de transporte, trânsito e segurança oferecidas à população.
“Apesar de reconhecer o atrativo turístico gerado pela festa, tivemos que trabalhar com um orçamento apertado, colocando na balança o que realmente era importante para as pessoas. O caminho sensato foi o de priorizar a atenção básica à saúde, com a construção e entrega de novas unidades ainda neste ano”, afirmou a secretária de Governo, em Jaboatão dos Guararapes, Karla Menezes.
Segundo ela, a verba que variava entre R$ 800 mil a R$ 1 milhão era repassada a blocos carnavalescos, para a contratação de bandas, orquestras e aluguel de trios elétricos. “Nada impede que encontros menores sejam organizados espontaneamente pelos cidadãos. Muito mais válido é garantir qualidade de vida o ano inteiro”, minimizou.
A história se repete dois anos depois, já que em 2013 a folia também foi cancelada, com o pretexto de transferir recursos para a conclusão do Cine Teatro Samuel Campelo. O espaço cultural, até o momento, não abriu as portas.

Em Camaragibe, segundo a prefeitura, a economia com a desistência da festa pode chegar a 60%, tendo como base às despesas na edição anterior, que atingiram R$ 700 mil. No município o corte não será total, tendo como meta gastar até R$ 300 mil, a serem repassados à federação carnavalesca, que mantém 66 blocos.
“O dinheiro está pouco e não era possível fazer mágica. A gente tem que pensar no que atende aos interesses de todos e não apenas dos que gostam de Carnaval. Vamos focar na conclusão de escolas de tempo integral e creches”, assegurou o prefeito Jorge Alexandre.
Na vizinha, São Lourenço da Mata, a baixa arrecadação de receita e o aumento de despesas com reajustes salariais dos servidores, são os motivos apresentados para o fim da festa de Momo. “Seria irresponsável gastar R$ 1,5 milhão em apenas poucos dias.
Apesar de a decisão ser vista com maus olhos por uma pequena camada da população, principalmente os jovens, temos a consciência de que estamos agindo certo”, disse o prefeito Ettore Labanca. Segundo o gestor, o dinheiro será diretamente concentrado na construção de uma escola de grande porte, localizada na comunidade Caiara, que atenderá cerca de 800 alunos. “Quem quiser brincar fica livre para se deslocar para outros lugares”, ressaltou.
A opção pelo enxugamento das saídas também acontece em Moreno, localizada a apenas 30 quilômetros do Recife. Por lá, a situação elencada caminha no mesmo passo, com a redução de repasses federais e a necessidades de honrar a folha de pagamento. “As aulas terão início logo mais e precisamos oferecer condições satisfatórias para manter os alunos dentro das salas. Os custos com prédios alugados são altos e pretendemos construir unidades próprias”, afirmou a secretária-executiva de Educação e Cultura, Sandra Albertim.
Segundo ela, os gastos direcionados ao Carnaval eram inferiores a R$ 100 mil e serão empregados também em pintura, conservação e iluminação pública.

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