sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Terceira morte em voo em 10 dias gera alerta para aumento de emergências no ar

Estudo aponta que quadros aparentemente de simples tratamento em terra podem se complicar a bordo, especialmente diante de situações de estresse e devido à pressurização da cabine dos aviões

Estado de Minas

A morte de uma passageira de 37 anos em pleno voo entre Guarulhos (SP) e Fortaleza, obrigando o piloto a fazer um pouso não programado em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, comove, assusta e põe em alerta autoridades. O episódio que vitimou Maria Edlene Vieira da Silva, que viajava pela companhia Avianca ao lado de três filhos, foi o terceiro caso do tipo em viagens aéreas envolvendo brasileiros em 10 dias. No dia 17, uma idosa morreu após passar mal no voo AA 213, da American Airlines, que seguia de Miami (EUA) para Brasília. Na terça, um passageiro de 49 anos também foi vítima de um mal súbito em voo da Gol que ia de Imperatriz (MA) para a capital federal. Casos que chamam a atenção para o crescimento desse tipo de emergência, apontado em estudo do Conselho Federal de Medicina e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
De acordo com a Cartilha de Medicina Aeroespacial: Doutor, posso viajar de avião?, com o crescimento do número de passageiros no transporte aéreo haverá aumento de urgências médicas e de mortes durante viagens. O trabalho alerta para o fato de que quadros aparentemente de simples tratamento em terra podem se complicar a bordo, especialmente diante de situações de estresse e devido à pressurização da cabine dos aviões. Segundo a equipe médica do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Grande BH, a estatística era de duas a três mortes em voos por mês no Brasil. Esse número subiu para de três a cinco óbitos no ar a cada 30 dias. A média de atendimentos médicos a bordo também cresceu drasticamente nos últimos anos e, atualmente, são registradas 10 ocorrências diárias em todo o país.

O voo em que estava Maria Edlene saiu de Guarulhos às 6h55 com destino à capital do Ceará, mas o piloto decidiu pousar em Confins por causa do incidente. Segundo a Avianca, ainda não há informações oficiais sobre o que a passageira sentiu, mas ela morreu antes do pouso. Abalados, os três filhos – uma menina de 4 anos, uma de 14 e um menino de 12 – ficaram sob a guarda do Juizado de Infância e Juventude do aeroporto internacional. “Dois familiares devem vir de Fortaleza para buscá-los”, informou a comissionária do juizado, Flávia Valadares.

MORTE NATURAL
A Polícia Federal informou que todos os indícios levam a crer que Maria Edlene Vieira da Silva tenha sido vítima de morte natural, mas somente com a conclusão dos laudos a causa poderá ser confirmada. A PF informou que a tripulação do voo prestou os primeiros socorros à mulher, que não resistiu. A morte foi confirmada pela equipe médica do aeroporto de Confins e as condições sanitárias da aeronave foram avaliadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Após os procedimentos necessários, a PF autorizou o desembarque dos demais passageiros, que foram realocados em outro voo da mesma empresa aérea, que partiu às 14h50 de ontem. Ainda segundo a PF, como a Avianca não opera em Confins, coube à equipe de terra da TAM prestar assistência a todos os passageiros. O corpo de Maria Edlene foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte, sendo liberado somente às 19h de ontem. De acordo com a Polícia Civil, o traslado seria feito pela própria Avianca, mas a companhia não confirmou a informação.

A empresa BH Airport, que administra o terminal de Confins, informou que adotou todos os procedimentos previstos no protocolo de emergência e que ofereceu o suporte necessário à companhia aérea e aos passageiros. Ainda de acordo com a concessionária, sua equipe médica constatou que a passageira já estava morta. Todas as autoridades aeroportuárias e polícias Civil e Federal foram acionadas. O aeroporto conta uma equipe médica de plantão 24 horas, formada por um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e um motorista de ambulância. O posto de atendimento conta com estrutura completa de atendimento e uma UTI móvel, segundo a administradora. A Avianca Brasil se pronunciou lamentando o ocorrido e informou que prestaria assistência aos familiares da passageira, colaborando com todas as autoridades envolvidas no incidente.

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