terça-feira, 14 de julho de 2015

ASA se vende por R$ 400 mil e tira jogo com Palmeiras de cidade de Arapiraca

Pelo Blog de Cosme Rímoli

A CBF é cúmplice. Ela autoriza que suas competições mais importantes sejam burladas. A igualdade de condições seja ferida. Não só fecha o olho. Como estimula a criminosa venda de mandos de jogos.

Empresas de marketing esportivo se aproveitam de administrações irresponsáveis dos clubes brasileiros. E da bandalheira que foi a construção das arenas para a Copa do Mundo. Principalmente as que são assumidamente elefantes brancos.

E junta a fome com a vontade de comer. Cruzeiro, Santos, Vasco, Ponte Preta, Flamengo e tantos outros já fizeram e estão liberados para repetir a indecência. Facilitam partidas que seriam difíceis nos seus domínios para torná-las neutras em campos com os quais não têm qualquer ligação.

Ou os transforma em presentes para os adversários, onde os torcedores rivais os esperam. E é como se atuassem duas vezes fora de casa.

Essa atitude desequilibra artificialmente as competições.

Um exemplo vergonhoso acontecerá nesta quarta-feira. O ASA conseguiu empatar com o Palmeiras na sua novíssima arena. Segurou o 0 a 0 com determinação e firmeza impecáveis. Fez a torcida alviverde se lembrar de 2002, quando o time alagoano eliminou o grande paulista mesma Copa do Brasil.

Se o time conseguiu segurar o 0 a 0 em São Paulo, o que não faria no Fumeirão, no seu estádio de 17 mil pessoas, que lotado, é um caldeirão? A chance de repetir um dos grandes feitos de sua história seria imenso. Seria.

É aí que surge a Roni7. A empresa se apresenta como consultoria esportiva. As palavras estão no seu site oficial.

A empresa Roni7 foi fundada em 2012 pelo ex-atacante Roni que jogou em grandes clubes do futebol brasileiro (Fluminense, Flamengo, Cruzeiro, Atlético MG, Santos, Goiás e Vila Nova-GO) e mundial (Al Hilal/Arábia Saudita, Yokohama Marinos e Gamba Osaka/Japão, Rubin Kazan/Russia) també serviu a seleção Brasileira.

Nosso objetivo é gerenciar a carreira e assessorar atletas jovens e profissionais. O foco é dar atendimento diferenciado aos nossos clientes e conseguir excelentes oportunidades.

Estaremos sempre ao lado dos nossos atletas, mesmo nos momentos mais difíceis. Deus no comando e nós na retaguarda protegendo e lutando por nossos atletas.”

Mas ela faz mais do que isso. Negocia jogos. Foi ela quem levou a Ponte Preta a jogar contra o próprio Palmeiras na Arena Pantanal. Tirou a partida do terrível, para os adversários, Moisés Lucarelli. No elefante branco construído em Cuiabá, o time de Marcelo Oliveira teve toda a torcida ao seu lado e venceu por 2 a 0. Privilégio que outros adversários da Ponte Preta não ganharão. E burla a competitividade do Brasileiro. Os campineiros receberam R$ 1 milhão pela venda do mando.

Agora chega a vez do ASA. De novo o Palmeiras ganha um enorme presente. Em vez de ir para Arapiraca, vai para Londrina, cidade com enorme reduto de torcedores do clube paulista. Um absurdo que a CBF referendou.

A negociação do mando de campo se deu com a empresa Roni7. A quantia determinada foi de R$ 400 mil em dinheiro, além de todas as despesas da delegação alvinegra (passagens áreas, hospedagem, alimentação e transporte). A quantia de R$ 400 mil será destinada inteiramente para manutenção do elenco e do clube na temporada, e possibilitará o pagamento de duas folhas de salários com os recursos já disponíveis.”

Essa foi a desculpa dada pela diretoria do ASA. O clube não tem dinheiro e vendeu, sem dor na consciência, o mando de jogo. A possibilidade de seguir na Copa do Brasil. Fazer história novamente.

Um dos grandes prejudicados, o técnico Vica, concordou publicamente. Ou teve de concordar.

Se clubes grandes estão em crise financeira, imagine o ASA. O escândalo da Fifa e a situação econômica do país têm prejudicado muito o futebol. Poucos querem investir e há compromissos. Tem que entender a diretoria,”

A equipe alagoana estava com 15 dias de salários atrasados quando a oferta chegou. A princípio, tentou ganhar R$ 1 milhão. Mas teve de se contentar com R$ 400 mil mesmo. A empresa ameaçou retirar a proposta.

O que a Roni7 e os clubes fazem não pode ser criticado. A indecência é da CBF em aceitar essa mercantilização do grande ganho técnico que é o mando dos jogos.

Marco Polo del Nero precisa justificar seu cargo. Se ele luta tanto para sobreviver como presidente da entidade. Ser conselheiro vitalício do Palmeiras tornaria obrigação vetar.

Mas o presidente da CBF fecha os olhos, lava as mãos mais uma vez. A desculpa das dificuldades financeiras dos clubes é inaceitável. Ou o clube que vender um, vende todos seus mandos, ou é injusto.

Desequilibra qualquer competição.

Simples assim.

Ver o ASA contra o Palmeiras no Paraná é uma aberração. Arapiraca e Londrina estão 2.650 quilômetros distantes.

Vergonha.

O futebol brasileiro só estimula a incompetência. Vexame que todos fecham os olhos.

E assim a credibilidade do futebol escorre pelo ralo…

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