quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Perito aponta fatores do acidente que matou Campos

Por Daniel Leite
Da Folha de Pernambuco

Convicto de que erros no projeto da aeronave Cessna Citation 560 XL foram responsáveis pelo acidente aéreo que vitimou seu irmão – o ex-governador Eduardo Campos, no dia 13 de agosto do ano passado – o advogado Antônio Campos reascendeu as discussões sobre as causas da tragédia. Sua tese, trabalhada paralelamente às investigações iniciadas pela Agência Nacional de Aviação (Anac) e o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), coloca em xeque a possibilidade de o acidente ter sido ocasionado por falhas humanas, hipótese que chegou a ser ventilada por fontes extra-oficiais logo após o acidente.

Segundo a versão defendida por Antônio Campos, o modelo da aeronave Cessna Citation, usado pelo ex-governador durante sua campanha presidencial, no ano passado, apresenta precedentes preocupantes. Seu manual de instruções faria referência à possibilidade de o avião inclinar bruscamente para baixo, em determinadas velocidades e, por isso, a empresa teria criado um dispositivo para evitar este problema. No entanto, na sua opinião, o equipamento responsável por garantir a estabilidade teria falhado.

De acordo com o especialista em aviação, Gustavo Cunha Mello, todo e qualquer acidente aéreo é causado por uma série de fatores sobrepostos. “Há relatos de que o avião tem um movimento de “nose down”, ou seja, ele embica para baixo, em determinadas velocidades. Mas naquele dia, tudo contribuiu para um desastre. O clima estava ruim e a visibilidade estava péssima. Além disso, a pista era curta e não tinha equipamentos de GPS ou de radares que facilitassem a navegação. Tudo isso influenciou”, disse.

Para ele, no entanto, o cansaço do piloto pode sim ter sido decisivo. “Ainda que o avião tenha o problema do “mergulho”, o piloto poderia, em tese, ter corrigido. Quem pilota esse tipo de aeronave deve ter esse conhecimento prévio. Mas não adianta ter um piloto extremamente treinado se ele está fadigado”, ponderou.

Procurados pela reportagem para comentar sobre a possibilidade de acionarem a empresa Cessna Aircraf Company na Justiça, por falhas na aeronave, parentes dos outros passageiros que também estavam no avião afirmaram que não se pronunciarão antes do fim das investigações conduzidas pelo Cenipa.

Além de Campos, morreram no acidente o piloto Marcos Martins, o co-piloto Geraldo Magela, o jornalista Carlos Percol, os fotógrafos Alexandre Severo e Marcelo Lyra e o assessor Pedro Valadares.

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