quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Prefeitura do Recife: eles querem a cadeira de Geraldo Julio

Cotados para disputar a Prefeitura do Recife, oposicionistas não poupam críticas ao atual prefeito, principalmente pelas promessas de campanha que não foram cumpridas

Tércio Amaral

Partido de Priscila Krause, o DEM, ocupa cargos nas gestões de Geraldo Julio e do governador Paulo Câmara, ambos do PSB, mas ela garante que alinhamento não é automático. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A Press

Apresentado como o “homem que fazia” durante a campanha, isso referência ao seu alto desempenho enquanto secretário do governador Eduardo Campos (PSB), o prefeito do Recife, Geraldo Julio, também do PSB, deve encarar as cobranças de campanha na reeleição do próximo ano. Opositores, e até mesmo aliados, criticam o desempenho da gestão do socialista e já sinalizam possíveis candidaturas nas eleições de 2016. Nomes como os deputados estaduais Edilson Silva (PSOL), Priscila Krause (DEM), Silvio Costa Filho (PTB) além dos federais Daniel Coelho (PSDB), Jarbas Vasconcelos (PMDB) aparecem como potenciais adversários do prefeito socialista, que deve disputar à reeleição.

Nos bastidores, o quadro ainda é de muita especulação. No caso de Daniel Coelho e Priscila Krause, os “candidatos” esperam a sinalização do partido. Tanto PSDB como o DEM ocupam cargos nas gestões de Geraldo Julio e do governador Paulo Câmara (PSB). No caso do PSDB, os tucanos, no entanto, argumentam que a nomeação da vereadora Aline Mariano à Secretaria de Enfrentamento ao Crack foi de “escolha” pessoal do prefeito e não representa a posição do partido. Numa segunda opção, aliados de Priscila e Daniel garantem que os dois aceitariam, com facilidade, a indicação para serem vices de Jarbas Vasconcelos, caso o deputado realmente decida entrar na disputa.

Llíder da oposição na Assembleia, Silvio Costa Filho (PTB), assume postura discreta quando o assunto é a sua candidatura, mas não quando fala da gestão municipal. Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A. Press
“Sobre candidatura, nós só debatemos em 2016. Estamos cuidando, neste momento, da filiação de vereadores (candidatos). Agora, é bom frisar que não temos alinhamento automático com a gestão do prefeito Geraldo Julio”, declarou Priscila, ao Diario. Oficialmente, a democrata adota a diplomacia mas, em seus discursos e em seus perfis nas redes sociais, ataca o desempenho do prefeito socialista. “Este ano, por exemplo, só foram destinados R$ 1,2 milhão para obras de recapeamento. Em 2014, foram R$ 50 milhões numa parceria com o governo estadual. O número é alto, mas a nossa média para isso era de R$ 5 milhões. A cidade está repleta de buracos”, critica.

Mesmo tendo sido eleita dentro de uma chapa com o PSB na Assembleia Legislativa, Priscila Krause se considera “independente”. Segundo ela, o problema na gestão de Geraldo Julio é que foi gerada uma grande expectativa. “A gestão não corresponde a capacidade que foi vendida dela. Avançamos muito pouco na saúde, na educação e na mobilidade urbana. Quando Geraldo Julio assumiu, a cidade do Recife estava sofrida nas mãos de João da Costa (PT). No início, ele deu um choque de gestão, limpando a cidade, dando coisas básicas, mas ele perdeu o ritmo”.

Assim como o DEM, o PSDB de Daniel Coelho está no poder, mas aliados afirmam que o deputado federal aceitaria a vice de Jarbas, se este sair candidato. Foto: Benda Souto Maior/DP/D.A Press

Prefeito do Recife em duas ocasiões, o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) é um dos cotados para a disputa da Prefeitura nas eleições do próximo ano. Em pesquisas realizadas por partidos da oposição , o peemedebista aparece liderando as intenções de voto na frente do prefeito Geraldo Julio e o tucano Daniel Coelho. Esses números, inclusive, já teriam chegado às mãos de Jarbas, que ainda não se posicionou sobre o caso, embora um aliado de confiança do ex-prefeito garanta que ele argumenta que “não tem mais disposição” de entrar na disputa.

“Eu cheguei a perguntar claramente se ele queria disputar. Jarbas me disse que não tinha mais disposição. Então, eu perguntei por que ele não negava as especulações? Ele me disse que não negaria algo que ele não inventou”, disse a fonte em reserva. De fato, alguns aliados de Jarbas que estão no PMDB acreditam que o deputado esteja preparando o futuro político do seu filho, Jarbas Filho, ao avaliar o quadro e não se posicionar. As especulações sobre a candidatura de Jarbas ganharam mais força, recentemente, com o encontro que o peemedebista teve com o deputado federal Silvio Costa Filho (PSC), více-líder do governo na Câmara. Não à toa, foram distribuídas fotos do encontro.

Ex-governador, ex-prefeito, ex-senador e deputado federal por Pernambuco, Jarbas Vasconcelos não diz que é candidato, mas também não diz que não é. Foto: Teresa Maia/DP/D.A Press

“Jarbas teve o prazer de ser prefeito do Recife. Gosta de circular nas ruas”, diz um velho aliado do deputado, que ainda tem esperanças em sua candidatura. A participação de Jarbas, garante, levaria a disputa para o segundo turno. Um dos pontos que estão sendo levados em consideração, ainda segundo a mesma fonte, é que com a morte do ex-governador Eduardo Campos (PSB), Jarbas pode ganhar envergadura para se tornar, novamente uma grande liderança no estado. Além de Silvio, Jarbas teve encontros com o senador Fernando Bezerra Coelho e o ex-governador João Lyra Neto, ambos do PSB. 

O deputado estadual Edilson Silva (PSOL) pode ser considerado “o primeiro candidato” na disputa. O parlamentar deixa claro que seu nome foi colocado no partido e, até o momento, não há uma disputa interna. “Mas não está fechado porque tem outras variáveis. Eu estou me colocando no partido. Se a convenção fosse hoje, eu seria o candidato”. Edilson já disputou o comando da Prefeitura do Recife nas eleições de 2008 e o governo de Pernambuco em 2006 e 2010. Conhecido pelo perfil crítico, promete intensificar o que considera, na sua visão, falhas da gestão socialista.

Edilson Silva (PSOL) deixa claro que seu nome foi colocado para o partido e que, até o momento, não há uma disputa interna. "Se a convenção fosse hoje, eu seria o candidato". Foto: Rafael Martins/Esp. D/D. A. Press
“Eu falo isso sem nenhum prejuízo ideológico: a avaliação dessa gestão (de Geraldo Julio) é muito ruim. No primeiro dia da gestão, o que foi feito? Ele foi inaugurar o terreno do Hospital da Mulher. Passados três anos, cadê o Hospital da Mulher?”, questiona. “Por onde você anda não vê um elogio à gestão. Observe os buracos da cidade… o transporte público”.

Diferentemente de Edilson, o deputado estadual Silvio Costa Filho (PTB), que é o líder da oposição na Assembleia Legislativa, adota uma postura mais discreta quando o assunto é sua candidatura. Porém, a história muda quando o tema passa pela gestão atual. “Nossa avaliação é que houve uma grande frustração em torno da gestão de Geraldo Julio. Não há uma grande obra com a marca da gestão do prefeito. A Via Mangue, inaugurada na gestão dele, foi iniciada nas gestões dos ex-prefeitos João Paulo e João da Costa, do PT”, argumenta. O curioso é que Silvio participou intensamente da campanha de Geraldo Julio em 2012.

Silvio Costa Filho espera a definição da estratégia da oposição. O grupo, no entanto, acredita na tese das “múltiplas candidaturas”. Ou seja, que mais de um candidato saia para levar a eleição para o segundo turno. O pai de Silvio Costa Filho, o deputado Silvio Costa, por exemplo, é um nome que vem sendo ventilado pelo próprio PT. Para a disputa, Silvão, como também é conhecido, sairia do PSC. Isso se o PT não optar pelo ex-prefeito João Paulo, que recentemente assumiu a Sudene. Toda essa estratégia e indefinição de nomes é por causa do favoritismo socialista. O projeto de reeleição de Geraldo Julio já é visto como competitivo e o planejamento é a palavra de ordem para os adversários.

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