quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Após arruinar economia nordestina, Temer se considera "maior presidente do Nordeste"

André Augusto

Em visita a Maceió, o golpista Michel Temer disse nesta terça-feira (27) que espera, no futuro, ser reconhecido como "o maior presidente do Nordeste que o Brasil já teve".

"Embora seja de São Paulo, quero no futuro ser reconhecido como o maior presidente nordestino que esse país teve", afirmou, em sua segunda viagem ao Nordeste desde o golpe institucional da direita que foi selado no Senado em agosto.

Temer viajou ao Norte e ao Nordeste como presidente pela primeira vez no início do mês. Receoso com a possibilidade de enfrentar vaias e protestos em inaugurações de obras públicas, o presidente optou por pequenos eventos em algumas cidades de Pernambuco e por encontro fechado em Fortaleza (CE).

Nesta terça, o presidente lançou em Maceió um programa de ações "de combate à seca" que prevê investimento de R$ 755 milhões em 15 Estados. O governador Geraldo Alckmin do PSDB havia já feito seu lobby presidencial usando a crise hídrica do Nordeste, depois de capitanear o virtual esgotamento do sistema Cantareira em São Paulo e ainda impedir a distribuição de água para as famílias trabalhadoras.

Praticamente todos os partidos que governam a região são da base de Temer - como o PSB, que governa em Pernambuco e na Paraíba - para não mencionar as prefeituras controladas pela base golpista, até agora nada fizeram para responder à crise hídrica que assola a população nordestina. Aprofundaram os problemas que a administração petista do capitalismo desenvolveu nos últimos anos.

Temer afundou a economia nordestina

Região do Brasil que mais cresceu até o início da atual crise, o Nordeste agora enfrenta piora mais acentuada em seus principais indicadores econômicos na comparação com a média do país.

A inflação nas principais capitais do Nordeste, ainda que tenha perdido força, é mais alta que a média nacional. Os piores índices do país estão em Salvador, Recife e Fortaleza, todas com alta superior a 8% em 12 meses.

A crise do setor público derrubou a arrecadação das prefeituras, que são, em todos os Estados da região, os principais empregadores.

A região concentra o maior número de pequenos municípios do país, com uma dependência de mais de 80% em verbas repassadas pela União. Na média, a receita total deles voltou ao nível de 2010 em termos reais, enquanto as despesas aumentaram no período.

A demissão de funcionários públicos se soma à intensa crise hídrica que se abate sobre estados como a Paraíba, em que produtores rurais negociam a prorrogação no pagamento das dívidas e operações de crédito.

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), proporcionalmente, desde o ano passado as demissões foram mais fortes no Norte e Nordeste. Enquanto na média do país foram fechados 50 mil postos de trabalho (saldo líquidos entre admissões e demissões), nessas duas regiões a eliminação superou 1%. O Estado com maior corte no emprego foi Pernambuco, com 35 mil vagas fechadas, equivalentes a 2,5% das vagas existentes.

Em 2015 foram cortadas 76,6 mil postos de trabalho no Nordeste. Já no período que vai de julho de 2015 a julho de 2016, a região Nordeste registrou a segunda maior taxa de demissões no país, com 223.382 trabalhadores que perderam postos de trabalho formais.

Estes são os virtuosos legados do "melhor presidente do Nordeste" para a região: desemprego, demissões e seca.

Como enfrentar a crise provocada "pelo melhor presidente"?

Organizar a resistência contra a destruição da CLT, as demissões e a reforma da previdência é uma exigência decisiva a se fazer às centrais sindicais como CUT e CTB, que dirigem importantes estruturas no nordeste do país: por que não convocaram nenhuma assembléia pela base para combater a reforma trabalhista e a festa de demissões na região? Em base a essa resistência é possível levantar uma saída independente à crise política, com uma Assembléia Constituinte, Livre e Soberana, que questione todos os privilégios, os superpoderes e a impunidade dos políticos capitalistas, atacando seus acordos econômicos e colocando nas mãos dos trabalhadores a resoluções das principais questões nacionais

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