segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Chuvas em Pernambuco seguirão abaixo da média em 2017


Ainda que com chuvas menos escassas em comparação a 2016, precipitações seguirão abaixo da média, agravando situação de Agreste e Sertão

A maior seca dos últimos 60 anos continuará castigando Ivani Oilda de Moura, 50, no primeiro trimestre de 2017. Moradora do assentamento Curralinho dos Angicos, zona rural do município de Floresta, viverá, como tantos outros sertanejos, mais um período de chuvas abaixo da média histórica. É o que prevê a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), que aponta o ano de 2017 como menos severo que seu antecessor, mas, ainda assim, capaz de trazer profundos transtornos. Floresta é apenas um dos 126 municípios em estado de emergência por conta da seca, segundo a Casa Militar de Pernambuco. E nem chega a ser o pior dos cenários: 31 cidades já entraram em colapso de abastecimento, enquanto 37 estão em pré-colapso, de acordo com a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa).

Nas cidades afetadas, a rotina de lamentações acaba naturalizada e se somará, mais uma vez, à angústia pela falta de chuva. O acumulado médio para o primeiro trimestre do ano no Sertão é pouco superior a 302 milímetros de chuva. Mas, segundo a Apac, ainda que não se possa afirmar ao certo quanto choverá, é certo que a região terá consideráveis milímetros a menos. “Quando afirmamos que as chuvas serão abaixo da média histórica, significa que choverá, no máximo, 20% menos que o habitual. Nesse caso, uma quantidade igual ou menor a 240mm”, explica o meteorologista Roberto Pereira. Isso significa que, entre janeiro e março, a altura da água da chuva acumulada em cada metro quadrado seria de 24 centímetros.

Para 2017, o cenário pessimista dá continuidade a um 2016 que deixou marcas. Apenas em 2016, 22 municípios entraram em colapso de abastecimento, o que afeta diretamente a vida de 323 mil pessoas em um total de 31 municípios. Em pré-colapso, quando ainda há abastecimento, mas com debilidades ou restrições por conta da pouca quantidade de água nos reservatórios, são outras 37 cidades e mais 1,1 milhão de pernambucanos.

De acordo com o presidente da Compesa, Roberto Tavares, as antigas barragens de pequeno porte, que atendiam um ou dois municípios, agora abastecem muitos mais, levando à dependência dos carros-pipa. Além disso, alerta que, apesar da situação complicada no Sertão, sobretudo diante da escassez de chuvas no período, que deveria ser chuvoso, o Agreste é a região mais afetada e enfrenta a pior seca em um século. “No Agreste, são 50 cidades em colapso ou pré-colapso. Somente a barragem de Jucazinho – que secou – deixou de abastecer 15 municípios. É preciso que sejam realizadas obras estruturadoras, como a Adutora do Agreste e a Transposição do Rio São Francisco, que vão nos auxiliar a sair dessa situação”.

A Adutora do Agreste é uma obra federal que, pronta, garantiria abastecimento permanente a 12 milhões de pessoas, em 390 municípios de Pernambuco e outros três estados. No entanto, ela sofre com a diminuição dos repasses federais. Com custo estimado em R$ 1,4 bilhão, pouco mais de R$ 500 milhões foram repassados ao governo do estado. O Ministério da Integração Nacional, após os ajustes fiscais do governo Michel Temer, garante repasses de R$ 10 milhões por mês, que devem ser focados em trechos conectados a adutoras menores.

Enquanto as obras não saem do papel, a solução é a de sempre: racionar. “Continuamos extremamente preocupados pois a situação é gravíssima. Ser melhor que 2016 (em chuvas) não significa coisa boa. 2016 foi péssimo, trágico. Estamos em uma situação em que nem chuvas na média enchem as barragens, quanto mais as abaixo da média? Temos que seguir com o racionamento e até aumentá-lo”, justifica Roberto Tavares.

Risco em números

126 municípios pernambucanos em estado de emergência

31 cidades do estado em colapso de abastecimento

323 mil pessoas afetadas

destas, 22 entraram em colapso em 2016

37 cidades em pré-colapso

1,1 milhão de pessoas afetadas.

Reservatórios em colapso no estado 

Entremontes

Capacidade (m3) 339 milhões

Ocupação 1,4%

Boa Vista

Capacidade (m3) 153 milhões

Ocupação 0,9%

Santana II 

Capacidade (m3) 568 milhões

Ocupação 4,9%

Taquara

Capacidade (m3) 1,3 bilhão

Ocupação 0%

Severino Guerra 

Capacidade (m3) 17,8 bilhões

Ocupação 0%

Informações

Pernambuco enfrenta a maior seca dos últimos 60 anos

Agreste do estado sofre com a maior seca em um século

A caatinga afetada pela seca pode demorar até 100 anos para voltar ao seu normal

Os animais tendem a migrar para escapar da morte gerada pela falta d’água

A oscilação que vem do Pacífico

A Oscilação Decadal do Pacífico ou simplesmente ODP é um fenômeno climático responsável por mudanças climáticas duradouras. Se assemelha ao El Niño e La Niña, mas enquanto estes duram até 18 meses, o ODP pode durar até 20 anos. A oscilação é marcada por duas fases bem definidas. A chamada ODP positiva, traz a seca, enquanto a ODP negativa aumenta a umidade e gera a ocorrência de chuvas. Atualmente, vivemos uma ODP positiva.

Média histórica de chuvas JAN/MAR

302,5  mm* – Sertão

191 mm – Agreste

436 mm – Região Metropolitana

278 mm – Zona da Mata
*única região com previsão de chuva menor que média

 

com informações do Diario de Pernambuco

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