quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Infraestrutura é o desafio para economia de Pernambuco

Economistas ouvidos pelo JC apontam infraestrutura e qualificação profissional como desafios

Paulo Veras

Futuro vai existir soluções de infraestrutura como o Arco Metropolitano que não sai do papel
Foto: Guga Matos/JC Imagem

Embora tenha plantado a base para um desenvolvimento de mais longo prazo, Pernambuco ainda tem desafios estratégicos para enfrentar de olho no futuro. O principal deles, segundo economistas ouvidos pelo JC, é na área de infraestrutura. Tida como a salvação do PIB industrial do Estado, a Jeep é um excelente exemplo. Só em dezembro do ano passado, quase dois anos depois de a fábrica entrar em operação, é que o governo do Estado deu a ordem de serviço para construção de uma sistema com uma linha de alta tensão para o polo automotivo, uma demanda antiga.

Pior: o Arco Metropolitano, que ia facilitar o escoamento da produção, já foi projetado como uma parceria público-privada (PPP) estadual, como uma obra pública do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e como concessão federal; até agora, porém, nem o traçado foi totalmente definido. O mini-arco, um projeto estadual que seria alternativa, também não começou. Por meio da sua assessoria de imprensa, a FCA, companhia da marca Jeep, defendeu o Arco como um vetor logístico de desenvolvimento para a Mata Norte que está nos horizontes da empresa.

Segundo Ricardo Essinger, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), o Arco Metropolitano é apenas um dos problemas de infraestrutura de Pernambuco. Ele diz ainda que o terminal de contêineres de Suape tem um dos mais caros custo portuário do Brasil. E lembra que o eixo da ferrovia Transnordestina está seguindo em direção ao Porto de Pecém, no Ceará, enquanto o braço pernambucano não avança rumo ao porto do Estado.

“O partido ora está com o governo (federal) e ora está contra o governo. O que não acontecia. No início da gestão desses dez anos, o governo era sempre alinhado ao governo federal. E atualmente ele não está. Então esses investimentos federais precisam ser alavancados. Está havendo uma crise? Está. Mas nós estamos sofrendo mais talvez por conta dessa posição que tem o governo estadual”, lembra ainda o economista presidente da Fiepe

QUALIFICAÇÃO

Economista e sócia da Ceplan Consultoria, Tânia Bacelar chama atenção ainda para a necessidade de mais qualificação da mão-de-obra. “Pernambuco sempre foi um centro educacional relevante. Mantem esse diferencial. Mas precisa investir mais ainda porque a economia do século XXI é muito baseada em conhecimento”, argumenta. “Quando a crise brasileira passar, PE tem um potencial de desdobramento, principalmente de cadeias novas, que a economia daqui abrigou que é muito interessante”, projeta.

Para Fábio Silva, membro do Conselho Regional de Economia de Pernambuco (Corecon-PE), além da infraestrutura além da melhoria na infraestrutura e dos investimentos em qualificação profissional, o governo precisa apostar em mecanismos como mecanismos fiscais para adensar as cadeias produtivas.

“A Fiat contrata produtos e serviços de uma grande quantidade de empresas. Automóvel tem vidro, borrachas, aço, auto-peças. E o que a gente tem observado é que existe um grande número de fornecedores que ainda não vieram para o Estado. Muito do que ela consome ainda vem de fora. Seria importante que com políticas públicas se favorecesse a instalação desses produtores. Isso é importante pensando no médio prazo para que esses setores puxem o crescimento de outros segmentos”, defende

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