segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Pernambuco alerta para notificação imediata de casos da doença que deixa urina escura

Segundo a Secretaria de Saúde de Pernambuco, atualmente não há ocorrência da doença no Estado. Unidades de saúde devem ficar em alerta para registrar possíveis casos

Da Editoria de Cidades

Urina escura foi o sintoma apresentado por quase metade (47,7%) dos casos da Bahia 
Foto: Wikimedia Commons

O Estado de Pernambuco emitiu um alerta às unidades de saúde para notificação imediata de pacientes que apresentem sintomas semelhantes aos da doença de causa desconhecida, registrada na Bahia e no Ceará, que causa dor muscular intensa (mialgia aguda) e deixa a urina escura. Segundo a Secretaria de Saúde de Pernambuco, atualmente não há ocorrência da doença no Estado.

A recomendação é que os serviços locais notifiquem de forma imediata (em até 24 horas a partir da suspeita inicial) casos de dor muscular intensa com aparecimento súbito, sem causa aparente identificada e com níveis elevados de enzimas musculares. Ainda se sugere observar a urina, que se apresentou escura em quase metade (47,7%) dos casos da Bahia. 

“Ainda não sabemos a causa da mialgia, mas estamos investigando quatro hipóteses: vírus, bactéria, contaminação alimentar por metais pesados e por toxinas”, diz a enfermeira sanitarista Ita de Cácia Aguiar, superintendente de Vigilância e Proteção à Saúde da Bahia. Ela informa que, até a segunda-feira (16), foram notificados 52 casos suspeitos de mialgia aguda (50 deles em Salvador). “Entre eles, 46 tiveram evolução boa e alta hospitalar. Desses, um teve insuficiência renal, mas recebeu tratamento e ficou bem. Há quatro casos que estamos analisando ainda porque foram os últimos a ser notificados”, informa Ita. 

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Dos 52 casos, dois foram a óbito, mas as autoridades de saúde investigam a causa principal da morte. “Um dos pacientes apresentava cardiopatia e o outro tinha suspeita de infarto.” Todos os casos, segundo a Secretaria de Saúde da Bahia, ocorreram em dezembro. No Estado do Ceará, até o último dia 10, foram notificados três casos suspeitos de mialgia aguda.  

Na Bahia, a maioria dos pacientes consumiu peixe, mas oito não consumiram o alimento (ou não se lembram). “Por isso, estamos analisando outras hipóteses. Encaminhamos amostras de peixe ao Instituto Adolfo Lutz (SP) para investigar metais pesados e também aos Estados Unidos, a fim de pesquisar toxinas. Não há previsão para divulgação dos resultados.” O Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia e o da Fiocruz Rio de Janeiro analisam amostras de fezes dos pacientes. 

VÍRUS

O  virologista Gubio Soares, da Universidade Federal de Bahia, analisa amostras de fezes e urinas de casos suspeitos. “Há indícios fortes de que a causa possa ser parechovirus, cuja frequência no Brasil é baixa. Mas precisamos ainda confirmar isso, o que deve acontecer nos próximos dias. Já houve casos no Japão em 2008, 2010 e 2014, com relatos de dores musculares”, frisa Gubio. 

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