quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Sem registro em 2015, Pernambuco registra 836 casos de caxumba em 2016

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), foram 76 surtos da doença no ano passado, a maior parte deles na Região Metropolitana do Recife.

Por Thays Estarque, G1 PE

Com 68 surtos, a Região Metropolitana do Recife aparece na frente com os municípios que mais apresentaram casos. (Foto: Reprodução / EPTV)

Sem nenhum registro em 2015, Pernambuco apresentou uma série de surtos de caxumba em 2016. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), foram 76 surtos, num total de 836 casos da doença registrados no último ano. Diante do ressurgimento dos surtos, a pasta passou a tornar obrigatória a notificação dos casos e faz um alerta para a necessidade de conferir o cartão de vacinação.

Com 68 surtos, a Região Metropolitana do Recife aparece na frente com os municípios que mais apresentaram casos. Abreu e Lima, Camaragibe, Igarassu, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista e Recife foram os responsáveis pelo registro. No Agreste do estado, Surubim, Caruaru e Garanhuns. Já na Mata Norte, Macaparana apresentou um surto. Não há registro no Sertão pernambucano.

Para o diretor-geral de Controle de Doenças e Agravos, George Dimech, a alta circulação de viajantes pode ter influenciado no resultado. “Antes de 2015, quase não tínhamos registro da doença, era muito baixo, mas em 2015 começaram a surgir casos no Sudeste e no Sudoeste do Brasil. Pernambuco é um grande ponto turístico. Essa circulação pode ter trazido a doença para nosso estado”, acredita.

Com o surgimento dos primeiros surtos em maio do ano passado, a SES resolveu tornar obrigatória a notificação. “A obrigatoriedade começou em setembro, mas contabilizamos todo o ano. Em 2015, como não era preciso, nem notificávamos”, explica Dimech.

Médico infectologista explica como se prevenir de doenças como a caxumba

A doença contagiosa provoca inchaço doloroso das glândulas parótidas, que produzem a saliva. Febre, falta de apetite e dor de cabeça costumam incomodar os pacientes durante o ciclo. A transmissão acontece seis dias antes do início dos sintomas e até nove dias após o surgimento dos sintomas.

“Na sua grande maioria, a doença é benigna, mas pode se agravar se baixarmos a guarda. O homem pode desenvolver uma inflamação nos testículos e ficar infértil. A mulher também pode ficar infértil ao desenvolver uma inflação nos ovários. Há risco ainda de aborto no primeiro trimestre da gestação”, explica Dimech.

De acordo com o diretor-geral, a vacina contra a caxumba só foi introduzida no calendário de vacinação em 2004. Por isso, há uma grande quantidade de pessoas que não foram, devidamente, imunizadas, o que facilita o aparecimento de surtos.

“Costumamos dizer que só há dois tipos de grupos: os que estão vacinados e os de maior risco por não estarem vacinados. Como essa introdução foi há pouco tempo, temos um bolsão de pessoas que não está vacinado. É preciso, mesmo adulto, atualizar o cartão de vacinação”, pontua.

A vacina utilizada para combater a caxumba é a tríplice viral, que abrange, também, rubéola e sarampo. Para os adultos entre 20 e 29 anos, é necessário tomar duas doses. Já para os adultos entre 30 e 49 anos, é uma dose só. Adultos maiores de 50 não precisam tomar. Isso porque acreditam que eles já foram expostos e estão imunes, já que a pessoa só contrai uma vez a doença.

“A população acha que a caxumba é uma doença de criança, mas não é. É preciso estar imunizado porque qualquer um pode contrair e, quando adulto, é pior. O controle depende de todos atualizarem os cartões de vacinação. Estamos fazendo campanhas com os municípios, mas o cidadão não deve esperar a campanha. Ele tem que se antecipar”, conclui Dimech ao afirmar que o estoque da vacina está alto.

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