quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

'Greve branca' da PM ameaça Galo da Madrugada, tradicional bloco de PE



KLEBER NUNES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RECIFE

Roberto Pereira/AgênciaJCM/Fotoarena/FolhapressDesfile Galo da Madrugada, maior bloco do Carnaval em Recife (PE), em 2015

Em protesto desde dezembro por reajuste salarial e melhores condições de trabalho, PMs de Pernambuco ameaçam redução do efetivo no Carnaval, inclusive no Galo da Madrugada, bloco que deve atrair cerca de um milhão de foliões no sábado (25).

A promessa dos policiais foi uma resposta ao reajuste proposto pelo governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), e aprovado pela Assembleia Legislativa. O salário dos soldados, por exemplo, passou de R$ 3.219,88 para R$ 4.100,88, e o de coronéis, de R$ 16.576,08 para R$ 23.238. Os servidores, porém, cobram aumentos para R$ 6.100 e R$ 26.100, respectivamente.

Em vídeo na internet, Alberisson Carlos, presidente da ASC-PE (Associação de Cabos e Soldados de PE), pede a policiais que no Carnaval a carga horária seja respeitada. "Ninguém é obrigado a trabalhar na sua folga. Vamos manter a operação padrão."

Eraldo Peres/Associated Press

Multidão acompanha o Galo

O presidente e o vice da associação foram afastados por 120 dias de seus cargos na PM, em portaria do governo.

Segundo o secretário de Defesa Social, Ângelo Fernandes Gióia, a PM contará, entre 24 fevereiro e 5 de março, com um efetivo de 31,2 mil PMs e bombeiros militares. Deputados, porém, pressionam o governo a pedir homens da Força Nacional de Segurança.

OPERAÇÃO PADRÃO

Enquanto isso, os PMs seguem na chamada "Operação Padrão". Além de se recusarem a cumprir o Programa de Jornada Extra, os agentes reduziram o trabalho ostensivo.

O programa, ao qual os PMs aderem voluntariamente, estabelece uma carga horária extra de oito horas, que deve ser cumprida durante o período de folga do servidor.

Além do cansaço, os policiais militares reclamam das condições dos materiais de trabalho que precisam usar no dia a dia. Segundo eles, a maioria dos coletes balísticos tem mais de cinco anos de uso e estão vencidos, muitas armas não funcionam e faltam rádios comunicadores.

Para desmobilizar a greve branca dos PMs e aumentar o efetivo no período de festas de fim de ano e início do verão, o governo suspendeu as férias dos policiais e determinou o retorno imediato dos que estavam em pleno gozo.

Segundo o governo pernambucano, não há sucateamento na PM e o movimento dos policiais tem o objetivo de colocar a população em situação de vulnerabilidade, pressionando o Estado a conceder benefícios, sem o devido diálogo.

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