segunda-feira, 27 de março de 2017

Obesidade: Brasil atinge marca de 100 mil cirurgias bariátricas realizadas por ano

Ana Beatriz Cordeiro, que passou pela cirurgia há quase três meses, garante que desfruta de uma melhor qualidade de vida (Foto: Diego Nigro/JC Imagem)



Pela primeira vez, o Brasil ultrapassou a marca de mais de 100 mil cirurgias bariátricas, indicadas para o tratamento da obesidade, no período de um ano. O número equivale ao número de procedimentos realizados em 2016, quando se registrou um aumentou de 7,5% (em comparação com 2015), segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). A ascensão no volume de procedimentos é explicado por vários motivos, mas especialmente pela expansão do mapa do sobrepeso no País, onde 54% das pessoas estão acima do peso (taxa era 43% em 2006) e 19% apresentam obesidade (índice chega a 23,6% entre 35 e 44 anos). Os dados são de pesquisa do Ministério da Saúde.

“Embora o Brasil tenha ultrapassado 100 mil cirurgias bariátricas no ano passado, esse número é irrisório se considerarmos o universo de pessoas que precisam se submeter ao procedimento”, informa o professor da Universidade Federal de Pernambuco Álvaro Ferraz, chefe do Serviço de Cirurgia-Geral do Hospital das Clínicas. “Estima-se que são operados só 1,5% dos pacientes que necessitam da cirurgia bariátrica.”

“A cirurgia robótica tem apresentado evolução no tratamento da obesidade e proporciona um maior grau de precisão (em comparação com outros métodos). A longo prazo, oferecerá mais resultados para o paciente”, comenta Álvaro Ferraz, em entrevista à TV JC (Foto: Tato Rocha/JC Imagem)

O médico, que considera a obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública do mundo, reforça que o procedimento é, em alguns casos, o caminho mais eficaz e seguro para devolver qualidade de vida a quem apresenta complicações decorrentes do excesso de peso. “Há pessoas com obesidade severa que não conseguem baixar o peso a partir de um certo ponto (depois de seguir tratamento clínico com mudanças no estilo de vida, com dieta e exercício físico). São casos em que não depende mais do paciente, pois a obesidade já foi capaz de causar alterações (em hormônios e demais substâncias) no organismo que dificultam a capacidade de perda de peso”, esclarece Álvaro.

Outro motivo que fez aumentar o número de bariátricas no Brasil está relacionado com a ampliação, em 2016, de 6 para 21 o número de doenças associadas à obesidade que podem levar à indicação do procedimento, que contribui para o controle ou remissão de problemas relacionados ao excesso de peso, como hipertensão e diabetes tipo 2.

A estudante Ana Beatriz Cordeiro, 16 anos, passou pela cirurgia bariátrica há quase três meses. Eliminou 16 quilos e garante que desfruta de uma melhor qualidade de vida. “Respiro melhor e faço exercícios com mais disposição. As articulações não doem mais”, conta Ana Beatriz. Ela diz que, na família paterna, 22 pessoas já fizeram a bariátrica, o que mostra como a hereditariedade tende a prevalecer para o desenvolvimento do sobrepeso.

Para a cirurgia, Ana Beatriz optou pela robótica. Entre os principais benefícios do procedimento, estão reprodução dos movimentos das mãos do cirurgião sem tremor. E a qualidade do pós-operatório está diretamente relacionada a menores incisões. “O grau de precisão também é bom”, garante Álvaro.

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