terça-feira, 4 de abril de 2017

Lindbergh rejeita apelos de Lula


Folha de São Paulo
Após se reunir, hoje, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) se recusou a abrir mão de disputar a presidência nacional do partido. A decisão surpreendeu Lula. Na conversa, o ex-presidente apelou para que Lindbergh desistisse da candidatura em favor da senadora Gleisi Hoffmann (PR).
Segundo relatos, Lindbergh disse que já estava em campanha e que não poderia abandonar seus apoiadores, os integrantes do movimento "Muda PT". Para aliados, o senador fluminense disse que ficaria desmoralizado. O ex-presidente insistiu na tese de que o senador teria concordado com uma aliança com Gleisi caso ela fosse lançada pela CNB (Construindo um Novo Brasil), maior corrente petista. Lula disse a petistas que Lindbergh tinha se comprometido com esse acordo numa conversa ocorrida no Instituto Lula.
Em conversas, Lindbergh repete, porém, que nunca se comprometeu a desistir em apoio a Gleisi. Diz apenas que se calou ao ouvir a proposta de Lula. Essa foi, no entanto, a premissa para que a CNB desistisse do lançamento da candidatura do ex-ministro Alexandre Padilha.
Numa reunião com Lula, ocorrida na noite de ontem, os líderes do PT nas bancadas na Assembleia Legislativa de SP e na Câmara informaram que Padilha era o candidato escolhido pelos deputados. Eles afirmaram ainda que Padilha recebeu o apoio da tendência numa consulta feita em todos os Estados do país. Na reunião, que consumiu mais de três horas, os participantes expuseram suas queixas sobre Gleisi. Mas, segundo participantes, Lula garantiu que Lindbergh desistiria se Gleisi fosse a candidata. A CNB foi convencida.
No fim da noite, divulgou nota afirmando que a opção consistia num esforço pela unidade partidária. Na manhã desta terça, Lindbergh tomou um café com os dirigentes da Democracia Socialista, que o apoia. Disse que não poderia desistir. Para ele, "o lançamento da candidatura de Gleisi é sua primeira vitória. Será uma campanha em alto nível", disse Joaquim Joriano, um dos dirigentes da Democracia Socialista com quem o senador tomou café.
CONSTRANGIMENTO – A persistência de Lindbergh causou constrangimento à CNB. Os integrantes da corrente dizem que ela foi imposta após os dirigentes da tendência fazerem um levantamento do qual Padilha saiu vencedor numa disputa contra o tesoureiro do partido, Márcio Macedo. A escolha contraria particularmente os deputados, queixosos do comportamento de Gleisi à frente da Casa Civil do Governo Dilma. Dizem que nunca eram recebidos pela então ministra.
Os integrantes da CNB temem que ela seja "uma segunda Dilma", pela dificuldade de acesso. Mantida a candidatura de Lindbergh, o PT terá dois candidatos citados na Operação Lava Jato. Gleisi é ré sob acusação de recebimento de propina para pagamento de gastos de sua campanha ao Senado. O inquérito sobre Lindbergh foi arquivado. Os dois negam envolvimento em irregularidades.

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