sexta-feira, 19 de maio de 2017

Janot diz que Temer deu aval a propina e queria Cunha 'controlado'



LETICIA CASADO
CAMILA MATTOSO
BELA MEGALE
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA

Pedro Ladeira/FolhapressO procurador-geral da República, Rodrigo Janot

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que houve anuência do presidente Michel Temer a pagamentos mensais de propina para o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, preso na operação Lava Jato.

Além disso, o chefe do Ministério Público afirma no pedido de abertura de inquérito contra Temer que o presidente queria Cunha 'controlado'.

O ex-deputado já fez várias ameaças de 'abalar a República' com revelações sobre supostos crimes cometidos pelo alto escalão do governo – da cadeia, mandou em duas oportunidades perguntas embaraçosas a Temer.

Janot disse que Aécio e Temer agem juntos para impedir o avanço da Lava Jato.

A Procuradoria cita uma conversa gravada por Joesley Batista, um dos donos da JBS, em que o empresário afirma procurar manter boa relação com Cunha e ouve como resposta do presidente: "é, tem que tomar cuidado. É complicado".

Para Janot, Temer confirma nesse encontro a necessidade de o executivo continuar com a "boa relação" ao dizer "tem que manter isso, viu".

O procurador-geral afirma que o material colhido mostra que a propina paga ao ex-deputado e a Lucio Funaro, apontado como operador do primeiro, servia para mantê-los em silêncio.

"Existem, ainda, elementos que apontam para diversos atos realizados com o intuito de impedir ou, de qualquer forma, embaraçar a investigação dos crimes praticados. Depreende-se do material colhido que o pagamento de propinas ao ex-deputado federal Eduardo Cunha e ao doleiro Lucio Funaro, mesmo depois dos mesmos estarem presos, tem, se não como motivação única, mas certamente principal, garantir o silêncio deles ou, ao menos, a combinação de versões".

Janot cita nominalmente Temer como interessado no silêncio dos dois presos.

"Depreende-se dos elementos colhidos o interesse de Temer em manter Cunha controlado".

Ainda no documento de pedido de abertura de investigação sobre o presidente, o procurador diz que Temer vem atuando com Aécio Neves e outros parlamentares no sentido de impedir o avanço da Lava Jato.

"Além disso, verifica-se que Aécio Neves, em articulação, dentre outros, com o presidente Michel Temer, tem buscado impedir que as investigações da Lava Jato avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio do controle de indicação de delegados da polícia que conduzirão os inquéritos".

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