segunda-feira, 18 de março de 2019

Impunidade: Mais da metade dos homicídios em Pernambuco está sem solução

Raphael Guerra

Polícia Civil não conseguiu concluir investigações de mais da metade dos homicídios. Foto: JC Imagem/Arquivo

Estatísticas da Secretaria de Defesa Social (SDS) traduzem o sentimento de impunidade da população em relação aos crimes contra a vida. Mais da metade dos homicídios registrados em Pernambuco nos últimos dois anos ainda não foram esclarecidos pela polícia. Em números: são pelo menos 5.308 assassinatos sem punição.


No total, 4.170 pessoas foram mortas em 2018. Uma delas foi Gilda Maria da Silva, de 40 anos. Segundo a polícia, dois homens chegaram na residência procurando pelo filho dela. Como não o encontraram, Gilda foi assassinada com cinco tiros. O crime aconteceu em 27 de março, no bairro da Muribara, em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife. Quase um ano depois, a polícia não concluiu a investigação e ninguém foi punido.

O caso de Gilda Maria da Silva se soma a outros 1.899 que ainda não foram elucidados pela Polícia Civil de Pernambuco. Isso significa que do total de homicídios registrados no ano passado, 46% estão sem nenhuma resposta. Enquanto isso, familiares das vítimas, de luto, clamam por punição aos assassinos.

A taxa de resolução dos crimes contra a vida é ainda pior quando se analisam os números de 2017. Naquele ano, considerado o mais violento da história do Pacto pela Vida, 5.427 pessoas foram assassinadas. Desse total, a polícia conseguiu concluir até hoje apenas 2.019 investigações. Resultado: 62,8% dos inquéritos não foram concluídos pela Polícia Civil.

Se analisados juntos os homicídios registrados entre 2017 e 2018, a taxa de resolução dos crimes é de 45%, ou seja, menos da metade dos inquéritos foram concluídos e remetidos à Justiça. Uma vitória da impunidade.

Os números foram obtidos pelo Ronda JC por meio da Lei de Acesso à Informação, porque a assessoria de imprensa da Polícia Civil de Pernambuco se nega a fornecer os dados públicos.

Em nota, a SDS alega que a taxa de resolução de homicídios no Estado é seis vezes acima da média nacional. Esquece, no entanto, de reconhecer que são 5 mil homicídios sem resposta. Um número alto e também superior a grande parte dos outros estados brasileiros.

Sobre o caso de Gilda Maria da Silva, citado no blog, a SDS reconheceu que as investigações ainda estão em curso, mas disse que “os trabalhos estão sendo feitos com todo empenho para, em breve, responder aos anseios de familiares, amigos e sociedade”.

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