quarta-feira, 15 de maio de 2019

Ministro da Educação ataca estudantes e defende ensino privado

Foto: Agência Senado


Jornal GGN – Enquanto milhões de estudantes, professores e defensores da Educação estavam nas ruas de todo o país para manifestar contra o corte do governo Bolsonaro de 30% no ensino superior, o ministro da Educação Abraham Weintraub era vaiado na Câmara ao defender a educação privada, ofendia a educação dos brasileiros e atacava o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), que permitiu milhões de estudantes completarem a graduação.


Em um discurso marcado por ofensas aos próprios estudantes brasileiros, Weintraub afirmou na sessão da Câmara que o que “conseguem ler” é “o ônibus que está vindo” e que temos “um índice muito grande de onda de fracasso”, sem citar rankings ou pesquisas oficiais.

Na mesma linha que havia defendido o mandatário Jair Bolsonaro, minutos antes, afirmando que os manifestantes eram “idiotas úteis”, o ministro disse que o brasileiro é “uma pessoa que não consegue ler um texto, interpretar, não consegue abrir qualquer artigo, para ver se tem uma doença, aprender a montar um produto sozinho, não consegue pegar um manual de uma máquina e aprender a operar melhor essa máquina”.

“Enquanto o ministro Weintraub se enrola na Câmara, milhares tomam as ruas de SP contra os cortes na educação”, resumiu a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-RJ), ao compartilhar o vídeo da sabatina do ministro do MEC, ao lado de imagens da avenida Paulista, em São Paulo, lotada de manifestantes.

Ainda, o ministro que estava lá para explicar os cortes de 30% no ensino superior desviou o foco das críticas dos deputados da oposição, representando os milhares de manifestantes que tomaram as ruas de todo o país nesta quarta (15), e saiu em defesa de cursos técnicos e pagos.

“A evolução [do ensino] foi no ensino privado, não no público. Esse esforço veio da iniciativa privada”, disse. “O governo financiou parte disso? É verdade, mas foi com um dos piores programas de financiamento do mundo, o Fies”, continuou, em contradição.

Ainda, chegou a apontar que há um excesso na formação de doutores no Brasil: “Já batemos a meta do doutorado há tempos (…) quando você bate uma meta, você direciona as verbas para as outras que ainda estão aquém”, disse, defendendo cortar esses investimentos também.

Além do doutorado, ele voltou a criticar que o governo financie pesquisa em áreas de humanidades. “As ciências de humanidades geram pouquíssimas publicações com impacto científico (…) elas são feitas e engavetadas. Mas onde estão as bolsas? Elas estão justamente nas áreas que não geram produção científica”, seguia.

Enquanto era vaiado, a oposição criticou duramente a exposição do ministro: “não falou sobre cortes, não justificou os critérios e não tem coragem de dizer o que ele e o presidente Bolsonaro pensam: que a universidade não é lugar do filho da classe trabalhadora”, disse o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS). “O argumento para esse desastre não foi dificuldade financeira, mas ideológico, de perseguição a instituições”, afirmou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

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