quinta-feira, 20 de junho de 2019

Coaf: 128 depósitos atípicos na conta do prefeito de Camaragibe


Transações eram efetuadas sempre com valor abaixo de R$ 10 mil para o depositante não ser obrigado a se identificar

Por: Rebeca Silva

Coaf analisou as movimentações bancárias do prefeito Demóstenes Meira de janeiro de 2017 a dezembro de 2018. Foto: Reprodução/Facebook

Apontado pela Polícia Civil como líder do esquema criminoso na Prefeitura de Camaragibe, o prefeito Demóstenes Meira (PTB), que foi preso nesta quinta-feira (20), movimentou recursos que saltam aos olhos. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostrou que foram feitos 128 depósitos na conta bancaria dele. As transações foram fracionadas no valor de R$ 9.950 cada, quantia em que não é necessária a identificação do depositante.

Segundo o documento, em apenas um dia três pessoas apareceram em um banco de São Lourenço da Mata, no Grande Recife, para efetivar depósitos na conta do prefeito. Os envelopes tinham R$ 9.950 e foram feitos às 14:42h, 14:44h e 14:52h, o que demonstra o fracionamento do valor depositado para inviabilizar a identificação dos depositantes no guichê do caixa. O caso ocorreu no dia 8 de junho do ano passado.
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O Coaf identificou ainda que os gastos com cartão de crédito era muito superior à renda declarada por Demóstenes, que seria de R$ 18,5 mil. Um exemplo da desproporcionalidade foi um consórcio fechado pelo prefeito cuja parcela mensal era de R$ 15.136 e o valor total de R$ 300 mil. No mesmo período, o gestor também comprou um veículo de R$ 69,7 mil e pagou em dinheiro.

Segundo as investigações da polícia, os episódios são indícios de cometimento dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro.

Nesta quinta-feira (20), Meira foi preso na segunda fase da operação Harpalo junto com os empresários Severino Ramos da Silva e Carlos Augusto, as esposas deles, Luciana Maria da Silva e Joelma Soares, respectivamente. Segundo as apurações da polícia, Carlos Augusto e Joelma seriam os donos de duas empresas que têm contratos irregulares com a prefeitura. Os outros dois seriam funcionários dos estabelecimentos e são vistos como “testa de ferro”.

Em depoimento, testemunhas contaram que uma das empresas não celebra contrato com ninguém desde 2017. Apesar disso, a empresa recebeu entre R$ 8 e 10 milhões.

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