terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Preso em Salvador, pai que desviou dinheiro de tratamento do filho é condenado


(Reprodução/TV Globo)
Preso por desviar e gastar o dinheiro arrecadado para tratamento do filho, Matheus Henrique Leroy Alves, 37 anos, foi condenado a sete anos e seis meses de prisão em regime fechado por estelionato.

Matheus foi preso em Salvador, onde planejava abrir uma casa de prostituição, segundo a Polícia Civil. Ele fugiu de Conselheiro Lafaeite, em Minas Gerais, com parte do dinheiro arrecadado em uma vaquinha para tratar o filho, João Miguel, que sofria de atrofia muscular espinhal (AME), uma doença generativa grave.

O pai gastou quase R$ 500 mil da campanha, que chegou a arrecadar mais de R$ 1 milhão. Depois que fuguiu com o dinheiro, foi denunciado pela mãe de João Miguel. O garoto morreu pouco depois de fazer 2 anos, em Belo Horizonte, em outubro deste ano.

O que sobrou do dinheiro arrecadado está bloqueado pela Justiça. Quem fez uma doação e deseja reaver a quantia deve buscar isso judicialmente. 

A advogada da mãe de João Miguel diz que ela não quer se pronunciar sobre a condenação de Matheus. No mesmo julgamento, ele foi absolvido de outra denúncia, por abandono material.

Diagnosticado com atrofia muscular espinhal (AME), o pequeno João Miguel morreu no dia 17 de outubro, menos de duas semanas depois de completar 2 anos. O garoto teve uma campanha de arrecadação para tratar a doença, mas o valor levantado foi roubado pelo próprio pai, que acabou sendo preso em Salvador no mês de julho.

De acordo com o Estado de Minas, João Miguel passou mal na madrugada na casa da família, em Conselheiro Lafaiete (MG). Ele foi levado pela mãe para ser atendido em Belo Horizonte, no Hospital Infantil João Paulo II, mas não resistiu e morreu.

“A mãe está muito abalada e não consegue explicar direito o que aconteceu. Toda a situação é muito triste”, afirmou Vanessa Reis.

Matheus Henrique Leroy Alves, 37 anos, foi preso em Salvador sob suspeita de desviar o dinheiro arrecadado na campanha. Foi ele mesmo quem iniciou o arrecadamento. O pai conseguiu levantar cerca de R$ 1 milhão que seria usado para comprar medicação para o bebê.

Contudo, embora o filho realmente seja doente, Matheus começou a usar o dinheiro para benefício próprio, sem preocupação com a saúde do filho, segundo denúncia recebida pela polícia mineira.

O caso teve muita repercussão na cidade mineira, com a campanha tendo participação de conselheiros tutelares e até políticos da região. O medicamento que o garoto filho de Matheus precisava, o Spinraza, tem custo aproximado de R$420 mil a dose. O valor arrecadado seria suficiente para uma etapa do tratamento. 

De acordo com a polícia, Matheus pretendia usar o valor para manter uma vida de luxo e também estava prestes a abrir um prostíbulo na capital baiana. A ideia era montar um esquema de gerenciamento de garotas de programa.

“Ele fala que gastou cerca de R$ 600 mil. Ele efetivamente gastou, sendo que R$ 300 mil foram com farra com mulheres, com bebidas e com drogas. No momento da prisão, inclusive, ele estava com porções de maconha. E [com] o restante do dinheiro, ele alega que estava sendo extorquido”, contou à época o delegado Daniel Gomes.

Ao CORREIO, a assessoria da Polícia Civil de Minas Gerais também explicou que o acusado já tinha investido cerca de R$ 50 mil numa casa de prostituição em Salvador e tinha a intenção de abrir um novo local. Além disso, Mateus levaria, aproximadamente, quatro garotas de programa de Belo Horizonte para trabalhar em Salvador.

Perfil usado para divulgar caso e pedir doações (Foto: Reprodução)

"O desejo demonstrado por ele é de que essa interlocutora trabalhasse como gerente do local e que Mateus é quem tomaria conta dos programas realizados por cada uma das garotas. Também fica claro que Mateus tinha a intenção de levar, pelo menos, quatro garotas de Belo Horizonte para trabalharem em Salvador, como garotas de programa", explicou o delegado.

Na vida de luxo e ostentação em Salvador, segundo a polícia, o suspeito aparecia em vários vídeos em hotéis de soteropolitanos, ostentando um padrão de vida incompatível com seus ganhos mensais, chegando a dizer em um deles que: "existe vida mais barata, mas eu não vou querer não". Isso tudo dentro de uma piscina, em um prédio de frente para o mar, em Salvador.

Ainda de acordo com as investigações, o acusado chegou a gastar R$ 7 mil em uma suíte luxuosa de um motel.

Confira parte do diálogo obtido e divulgado pela investigação:

Mulher: “e cê confia, Mateus?”
Mateus: “de olho fechado.”
Mulher: “tá bom, então.”
Mateus: “são meninas que já trabalhou na minha casa lá de [Conselheiro] Lafaiete, de Belo Horizonte.”

Defesa
Ao portal G1, o advogado Túlio César de Melo Silva afirmou  que Mateus foi vítima de extorsão. “A história que ele me contou parece que é a mesma que ele já contou para o delegado, que ele foi, na verdade, extorquido, né? [Isso aconteceu] quando ele foi para Belo Horizonte fazer um curso de segurança. Um curso interessante, porque parece que foi a própria irmã que pagou. Ele foi fazer o curso e conheceu uma pessoa que o levou até uma boca de fumo. Nessa boca, ele comprou droga (…) e pensou em fazer uma sociedade com um traficante. Esse traficante, então, talvez não sei se já sabia ou investigou um pouco sobre o Mateus, descobriu sobre a campanha, dos valores da campanha e, em cima disso, começou a extorquir [dinheiro] do Mateus”. 


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