sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Em vídeo, secretário de Cultura de Bolsonaro copia discurso e estética de Goebbels, oficial nazista

Foto: Reprodução


A atitude de Roberto Alvim provocou uma onda de repúdio nas redes na madrugada de sexta-feira

O secretário da Cultura Roberto Alvim, o mesmo que chamou Fernanda Montenegro de “sórdida”, publicou vídeo na noite desta quinta-feira (16) onde copia trechos de um discurso de Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda na Alemanha Nazista, sobre as artes. A atitude provocou uma onda de repúdio nas redes na madrugada de sexta-feira.

O vídeo foi postado pela própria Secretaria Especial da Cultura do governo de Jair Bolsonaro. O objetivo era divulgar o Prêmio Nacional das Artes, apresentado horas antes em live com a participação do próprio presidente.

Compare abaixo os dois discursos:

“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”, disse Goebbels em pronunciamento para diretores de teatro, de acordo com o livro “Goebbels: a Biography”, de Peter Longerich.

“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”, afirmou Alvim no seu vídeo.

Forma e conteúdo

Não só a fala, como também a estética do vídeo, o tom de voz e a aparência do secretário, além do vocabulário e da trilha sonora também fizeram várias personalidades compararem a divulgação à propaganda nazista.

A música de fundo usada por Alvim é um trecho da ópera “Lohengrin”, de Richard Wagner, uma obra que Hitler contou em sua autobiografia ter sido decisiva em sua vida.

A fala do secretário levou o nome de Goebbels a ser um dos mais citados no Twitter durante a madrugada e fez com que centenas de internautas repudiassem a referência nazista e postassem comparações com a propaganda de Hitler.

Veja abaixo algumas manifestações das redes:

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

General encara Bolsonaro e diz que não tem cabimento colocar militares no INSS


O ex-ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, um dos nomes mais respeitados do Exército, criticou a decisão de Bolsonaro em recrutar militares da reserva para repor mão de obra no INSS. "Colocar militares para qualquer coisa é simplismo, falta de capacidade administrativa", disse

General Carlos Alberto dos Santos Cruz e Jair Bolsonaro
General Carlos Alberto dos Santos Cruz e Jair Bolsonaro (Foto: ABr | Senado)
 247 - O ex-ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, um dos nomes mais respeitados do Exército, criticou a decisão do governo de recrutar militares da reserva para repor mão de obra no INSS. "Militares no INSS? Não tem cabimento.  Os funcionários do INSS sabem dar as ideias para a solução. Tem que valorizar a instituição e as soluções irão aparecer. Colocar militares para qualquer  coisa é simplismo, falta de capacidade administrativa. É obrigação valorizar as instituições", disse.ecentemente, ele também declarou que  o "governo Bolsonaro se afastou do combate à corrupção". 

A ação deflagrou uma onda de críticas entre servidores dentro e fora do órgão. Categorias cogitam ir à Justiça contra a medida e defendem que o Executivo contrate de forma temporária servidores do INSS já aposentados, além de fazer novos concursos para reforçar o corpo técnico de forma permanente, como reproduziu o Portal UOL. 

Joice chama Bolsonaro de botequeiro de quinta categoria


Em entrevista à rádio CBN hoje, Joice Hasselmann disse que Jair Bolsonaro cometeu o que  “caminha para ser um estelionato eleitoral” e o chamou de “botequeiro de quinta categoria”, registra o UOL.

A deputada federal do PSL também afirmou se arrepender “profundamente” do apoio dado ao atual presidente na campanha de 2018.

“Eu fui, de fato, traída. Fui traída não por deixar a liderança –isso é uma besteira. A traição foi na promessa de mudança, na promessa de que seria diferente. Então, sim, eu me sinto traída porque acreditei em algo que não está acontecendo”, declarou Joice.

“Eu acreditei em algo que caminha para ser um estelionato eleitoral. Mais um, como foi a Dilma, como foi o Lula. Nesse ponto, eu me arrependo profundamente”, acrescentou a deputada.

Joice chama Bolsonaro de ‘botequeiro de quinta categoria’

Artigo | Guedes tropeça na saca de milho


Autor: Frei Sérgio Görgen

Frei Sérgio Görgen*

O arranjo econômico de Paulo Guedes vai tropeçar numa saca de milho.

A economia neoliberal parte do pressuposto de que os fluxos de mercadorias, circulação financeira e consumo acontecem em equilíbrio, ou, ao menos, tendem ao equilíbrio, autorregulado pelas leis do mercado. Assim creem. Isto mesmo, é uma crença, embora dita, ciência.

Por isto que os pressupostos neoliberais sempre tropeçaram no alimento. A produção de alimentos – e não há economia nem sociedade sem comida – está sujeita às intempéries e fluxos irregulares de fornecimento.

E como ninguém vive sem comer, alimento e agropecuária são partes essenciais da economia.

Por mais que, nos últimos anos, o neoliberalismo induziu a economia agrícola ao monopólio do agronegócio do grão e a produção de carnes em unidades de grande escala, com o intento de ter maior controle e domínio sobre os fluxos de mercadorias e das oscilações do mercado, e portanto, mais estabilidade nas intempéries, a vida concreta tem mostrado que não funciona.

Não há estabilidade nem de abastecimento nem de preços de alimentos somente com mecanismos de livre mercado. Necessita de ação decisiva do Estado, formando estoques, regulando preços, sustentando a produção e protegendo seus produtores ( de modo especial os camponeses que abastecem a cesta básica) e regulando o abastecimento. Em suma, controlando e suprindo o mercado.

Embora, em favor da verdade, esta situação tenha começado com a acentuação da influência neoliberal no último período da fase dilmista (2012 em diante) é em 2016, com o golpe político, que o abandono total das políticas públicas para a produção de alimentos que abastecem a mesa do povo, se acentuou no Brasil.

O período Guedes/Bolsonaro, então, jogou de vez no abandono e à própria sorte a produção e os produtores de alimentos da cesta básica. No dizer deles, à competição do mercado.

Assim mesmo, ironia do destino em relação à crença, foi a produção agropecuária um dos poucos itens de crescimento econômico e fator de estabilidade inflacionária na economia brasileira já lá se vão 6 anos. Às custas de suor e sangue de camponeses que receberam preços baixos por seus produtos.

Até que veio a super demanda da China por carne, o dólar em alta, a falta de instrumentos de Estado para a devida regulação e…..a estiagem longa no sul do país, atingindo todas as cadeias produtivas. E nos manuais de economia neoliberal não constam sequer linhas sobre tais fenômenos e como agir diante deles.

Aí, consequência disto tudo, no ano passado, os volumes de exportação de milho explodiram e, agora, com a estiagem, a produção desabou. Os estoques estão baixos e não há milho suficiente para abastecer o mercado interno. Com dólar alto, também fruto de derrapagens constantes da dupla governante, o custo para importar milho será alto.

Tendências de preços em alta. Já se fala em R$ 55,00 à saca de milho, quando na safra passada não passava de R$ 35,00.

E o milho, além de componente direto na dieta alimentar nacional, é a principal componente na formulação da ração de frangos, suínos e gado de leite, este último, através da silagem.

E os efeitos serão sobre os preços de todos estes produtos e sobre o abastecimento. E prolongados. Escassez e inflação de alimentos à vista.

A classe média e a classe trabalhadora estável sentirão no bolso o tropeço de Guedes na saca de milho. A conta será cara. E os mais pobres, desempregados, subempregados, mal empregados, verão o aumento da fome batendo à porta.

E o governo despreparado e sem instrumentos, nem para ações emergenciais e menos ainda, para ações estratégicas.

A economia de Guedes sofrerá uma queda tropeçando numa saca de milho.

Mas a conta, enquanto a sonolência durar, continuará sendo paga por toda a sociedade.

*Frade Franciscano, autor de “Trincheiras da Resistência Camponesa” .

Invenção de Bolsonaro no INSS deve parar na justiça

Uso de militares para conter crise da fila do INSS deve parar na Justiça

Sindicato de servidores contesta anúncio de Bolsonaro que pretende usar soldados para lidar com 2 milhões de pedidos de aposentadorias e outros benefícios acumulados. Categoria quer convocação de aposentados para tarefa


O presidente Jair Bolsonaro, em Brasília.
O presidente Jair Bolsonaro, em Brasília.ADRIANO MACHADO / REUTERS (REUTERS)

O anúncio do Planalto de que recrutará 7.000 militares da reserva para ajudar no atendimento nas unidades do INSS, mergulhado numa crise que deixa 1,9 milhão de cidadãos à espera da análise de seus pedidos de auxílio-doença e aposentadorias, não agradou os servidores do setor nem tampouco a integrantes da própria cúpula militar. O Ministério Público Federal e uma entidade que representa servidores da Previdência Social avaliam ingressar na Justiça para impedir que o presidente Jair Bolsonaro cumpra o plano de tapar o rombo de pessoal do Instituto Nacional do Seguro Social com soldados. Com 23.000 servidores na ativa, o INSS registra um déficit de ao menos 16.000 profissionais.

Nesta quarta-feira, dois membros do Ministério Público Federal informaram à reportagem que assim que o presidente assinar o decreto que trata do tema, o órgão deverá questionar o Planalto sobre o ato. As dúvidas dos procuradores são sobre os valores para a contratação dos militares, o tempo de treinamento a que seriam submetidos e também sobre a forma que seriam responsabilizados em caso de fraudes nas concessões. Entre membros do alto escalão das Forças Armadas também já há quem rechace a proposta do presidente.

Ao ser indagado por jornalistas quando pretendia assinar o decreto, Bolsonaro não definiu uma data, mas disse que gostaria da fazê-lo o mais rapidamente possível. “Por mim, sai hoje (esta quarta). Estamos discutindo, mas a gente não pode fazer decreto para, depois, desfazer”, declarou.

Teto de gastos e aposentados

Outra questão levantada pelos procuradores que analisaram apenas as declarações do presidente, já que ainda não há nenhum ato assinado, é se o Governo não poderia realocar servidores de outros setores que têm funções mais parecidas com as dos funcionários do INSS, como a Dataprev, que prevê fechar ao menos 20 de suas unidades ao longo do ano. A empresa, responsável pela produção de tecnologia de informação da Previdência, é uma das que deve ser privatizada pela gestão Bolsonaro.

Recorrer a militares em momentos críticos é uma prática comum ao Governo do capitão reformado do Exército. Antes, a atuação das Forças estava restrita a construção de obras pontuais, como pavimentação em algumas rodovias, ou a tragédias ambientais, como os incêndios florestais na Amazônia, o desastre de Brumadinho (em Minas Gerais) ou o derramamento de óleo pelo litoral brasileiro. Essa é a primeira vez que o presidente recorre aos militares para agirem em funções burocráticas, que poderiam ser supridas por meio de concursos públicos ou pela contratação de funcionários temporários.

Como o Governo está amarrado pelo teto de gastos, que impede o aumento de despesas em um ano em comparação com o ano anterior, e já prometeu não fazer novos concursos públicos, a federação defende que, ao invés de alocar militares da reserva, sejam contratados temporariamente parte dos 12.000 servidores da própria Previdência Social que se aposentaram nos últimos três anos, em uma das debandadas pré-reforma da Previdência. Para Lopes, esses servidores aposentados não precisariam passar por longos treinamentos e conhecem as nuances da profissão. “O INSS não precisa de intervenção militar. Precisamos de mais gente qualificada”, disse o diretor.