terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Gasolina, energia e saúde vão pesar mais no bolso do consumidor em 2021

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A inflação de preços controlados pela administração pública, como tarifas de serviços essenciais, deve ficar neste ano em um dos patamares mais baixos da história, mas voltará a pesar no orçamento do consumidor em 2021.

Por causa da pandemia, reajustes de planos de saúde e energia foram adiados. Além disso, os preços de combustíveis caíram por causa da desaceleração da economia em 2020, mas devem voltar a subir no próximo ano.

As projeções do Banco Central para a inflação dos chamados preços administrados são de 0,8% para 2020 e 5,1% para 2021 (ainda abaixo dos 5,5% de 2019). O IPCA total ficaria em 3,1% nos dois períodos, segundo a estimativa do BC.

As projeções não diferem muito daquelas feitas pelo setor privado, que descarta a possibilidade de um choque de preços no próximo ano semelhante ao que ocorreu no segundo mandato de Dilma Rousseff (2015-2016) e na presidência de Michel Temer (2016-2018), quando os administrados tiveram aumento médio de 9,5% por ano.

Alguns aumentos, no entanto, devem pesar no bolso dos consumidores em um momento de queda na renda.

A rodada de reajustes começa em janeiro, quando são definidas as novas tarifas de transporte público.

No mesmo mês também começam a subir os planos de saúde, cujo reajuste de 2020 será parcelado em 12 meses a partir de janeiro de 2021. Planos individuais e familiares terão um duplo reajuste, pois haverá ainda o aumento referente ao próximo ano.

As tarifas de energia elétrica subiram neste ano, mas houve certo alívio com a chamada Conta-Covid, que possibilitará diluir o repasse de despesas das empresas de energia no período da pandemia por um período de 54 meses a partir do segundo semestre de 2021. Sem esse mecanismo, o repasse para a conta de luz seria dividido em 12 meses.

Na noite desta segunda-feira (30), a Aneel (agência do setor de energia) decidiu reativar o sistema de bandeiras tarifárias, que passou de verde (mais barata) para vermelha patamar 2 (mais cara) para o mês de dezembro. Com isso, parte do reajuste esperado para 2021 será antecipado para 2020.

Os reajustes de água e esgoto e medicamentos chegaram a ser adiados, mas foram aplicados ainda em 2020.

Júlia Passabom, economista do Itaú Unibanco, afirma que os itens gasolina, energia e planos de saúde, que representam cerca de metade do peso dos administrados na inflação, foram os que mais ajudaram a segurar esses preços neste ano.

“Da mesma forma que neste ano esses itens administrados foram importantes para segurar a inflação, no próximo ano vão ser na outra direção”, afirma a economista.

André Braz, pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), também afirma que, no ano que vem, com o aquecimento da atividade tanto no Brasil como no resto do mundo, o preço dos combustíveis deve subir e ter uma participação mais forte na inflação.

Haverá ainda o reajuste de dois anos de plano de saúde. Ele afirma que os medicamentos também podem ter um reajuste maior por causa do impacto do dólar sobre a indústria do setor. O aumento, neste caso, é anunciado no final de março.

No transporte urbano, a economista do Itaú Unibanco afirma que os reajustes tendem a ser menores em anos com eleição e maiores nos períodos seguintes e que também pode haver algum mecanismo de compensação pela perda de passageiros neste ano.

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